26 Set 2014 19:32
"Maidan", o documentário que regista aos protestos de 2013, em Kiev, contra o regime ucraniano, abrirá a 16 de outubro o festival de cinema DocLisboa. O filme de Sergei Loznitsa, exibido e premiado pela crítica em maio, em Cannes, foi feito em Maidan, uma praça situada em Kiev onde os ucranianos contestaram, no final de 2013, o presidente Viktor Yanukovich.
Um documentário sobre a libertação dos campos de concentração nazis, recentemente restaurado pelo Imperial War Museum (Reino Unido) e que regista as atrocidades cometidas nos anos 1940, vai ser exibido durante uma edição do festival dedicada à relação do cinema com a História.
"German Concentration Camps Factual Survey" foi feito para denunciar os horrores dos campos de concentração e deveria ter sido exibido na Alemanha depois da queda do Terceiro Reich. No entanto, o filme acabou por ficar na gaveta e só agora ser restaurado e completado.
O documentário, que à época contou com Alfred Hitchcock na supervisão, teve estreia mundial este ano no festival de Berlim e é uma das obras destacadas pela direção do festival DocLisboa (16 a 26 de outubro), sendo exemplo do tema que atravessa esta 12ª edição: a relação do cinema com a História.
À boleia deste filme, o DocLisboa contará com mais de uma dezena de obras internacionais que são testemunhos de momentos históricos, como a curta-metragem "Après les Combats de Bois-le-Prêtre" (1915), sobre a primeira guerra mundial, o filme "The Wall", sobre a Alemanha, e encerrá no dia 26 de outubro com a projeção de "Socialism", de Peter von Bagh, historiador de cinema finlandês falecido no passado dia 17 de setembro, com 71 anos.
O festival será dedicado à sua memória: Peter von Bagh esteve várias vezes presente no festival nacional do documentário e em 2011 presidiu ao júri do certame.
O DocLisboa fará uma homenagem aos realizadores Eduardo Coutinho (Brasil), Harun Farocki (Alemanha) e Alain Resnais (França), falecidos este ano.
Competição nacional, heartbeat e neo realismo
A programação contará com filmes representativos de 40 países e com 42 filmes portugueses.
A competição nacional de longas-metragens inclui os filmes "Flor Azul", de Raul Domingues, "Mio Pang Fei", de Pedro Cardeira, "Volta à Terra (be)longing", de João Pedro Plácido, "As Cidades e as Trocas", de Luísa Homem e Pedro Pinho, "A Lã e a Neve", de João Vladimiro, "Pára-me de Repente e Pensamento", de Jorge Pelicano, e "João Bénard da Costa – Outros Amarão as Coisas que eu Amei", de Manuel Mozos.
A competição portuguesa de curtas apresenta "Metáfora ou a Tristeza Virada do Avesso", de Catarina Vasconcelos, "Um Filme Perdido", de Eduardo Amaro, "Teares", de Mónica Baptista, "O Indispensável Treinado da Vagueza", de Filipa Reis e João Miller Guerra, e "Moto Maeva", de Maureen Fazendeiro.
Fora de competição serão mostrados "Triângulo Dourado", de Miguel Clara Vasconcelos, e "Four", de João Botelho.
Na competição internacional estão "Lisbon Revisited", de Edgar Pêra, e "Snakeskin", de Daniel Hui.
Na secção Heartbeat, será exibido em antestreia o documentário "Fado Camané", de Bruno de Almeida, sobre o trabalho criativo deste fadista. Para esta mesma secção foram ainda selecionados "Berlin", de Julian Schnabel, a partir de um álbum homónimo de Lou Reed, assinalando um ano da morte do artista norte-americano, "Pulp: A film About Life, Death & Supermarkets", de Florian Habicht, e "Die Generalprobe", de Werner Schroeter, sobre Pina Bausch.
O ciclo neo-realismo e novos realismos apresenta obras de Luchino Visconti, Nelson Pereira dos Santos, Dino Risi, Vittorio di Sica, Pedro Costa ou Michelangello Antonioni.
Nesta 12ª edição, o festival continuará a estar presente na Culturgest, no Cinema São Jorge, na Cinemateca e no Fórum Municipal Romeu Correia (Almada) e contará com dois novos espaços de exibição: o Cinema Ideal, no Bairro Alto e o Cinema City Campo Pequeno.