14 Nov 2014 17:10
Com a passagem de "Três Corações", de Benoît Jacquot, na selecção oficial do LEFFEST (extra-competição), podemos reencontrar um dos grandes "marginais" do cinema francês das últimas décadas. Não que Jacquot tenha trabalhado fora das estruturas da indústria — bem pelo contrário, aliás não poucas vezes recorrendo a intérpretes muito populares; o certo é que há nele um individualismo que o coloca fora de qualquer tendência ou movimento.
"Três Corações" anuncia-se como um melodrama familiar em que, precisamente, a presença de um invulgar leque de actores será fundamental — do elenco fazem parte Benoît Poelvoorde, Charlotte Gainsbourg, Chiara Mastroianni e Catherine Deneuve. Com a colaboração de Julien Boivent no argumento, trata-se de uma produção de raiz francesa, embora associada a entidades da Alemanha e Bélgica.
Jacquot, vale a pena recordá-lo, tem sido uma presença irregular nas salas portuguesas, a confirmar, de alguma maneira, o seu carácter inclassificável. Ainda assim, o filme que dirigiu antes de "Três Corações", foi lançado entre nós: chamava-se "Adeus, Minha Rainha" (2012) e encenava os dias finais de Maria Antonieta. Entre ambos podemos, talvez, definir uma orientação essencial do realizador. A saber: a procura das tensões afectivas em contextos históricos e sociais muito diversos, desde a história do séc. XVIII até à actualidade.