19 Fev 2015 22:33
"Fim de Semana no Ascensor", uma produção de 1958, não é um filme muitas vezes associado à Nova Vaga francesa. De facto, os seus títulos fundadores, nomeadamente "O Acossado", de Jean-Luc Godard, e "Os 400 Golpes, de François Truffaut, surgiram no ano seguinte. O certo é que "Fim de Semana no Ascensor" corresponde a uma atitude inovadora no interior da produção francesa da época, desafiando, antes de tudo o mais, os códigos morais dos mais tradicionais melodramas.
Quando vemos agora um filme como "Whiplash", de James Marsh, centrado numa relação intempestuosa entre um baterista e o seu professor de jazz, não podemos deixar de recordar que o jazz, precisamente, possui também uma história especificamente cinematográfica. Por vezes, o jazz serviu mesmo para definir todas as ambiências de um filme — no caso de "Fim de Semana no Ascensor", de Louis Malle, a banda sonora tem assinatura desse gigante da história da música que é Miles Davis.
Louis Malle conta a história de um amor secreto, entre o empregado de uma grande empresa financeira e a mulher do seu patrão: é uma saga em que a vertigem da paixão amorosa se enreda com as teias da inocência e da culpa, num jogo perverso que contamina tudo e todos. Para a história, a memória mítica do filme é indissociável do carisma do seu par — ele é Maurice Ronet, ela Jeanne Moreau.