20 Mar 2015 13:40
Enquanto em Portugal estreia "Cinderela", a Walt Disney Pictures anunciou o inicio de produção de "A Bela e o Monstro", com estreia prevista para 2017. Em comum, os dois títulos têm o facto de serem inspirados em antigos sucessos da animação clássica do estúdio.
"Cinderela" pega na história do filme de 1950 sobre a jovem maltratada pela madrasta e respetivas filhas que, por artes mágicas, consegue conquistar o coração de um belo príncipe.
A nova versão, assinada por Kenneth Branagh, deixa cair a parte musical, coloca a britânica Lily James (da série de televisão "Downton Abbey") na pele da pobre criatura escravizada e dá-lhe uma fada madrinha cheia de glamour, longe da velhinha de cabelos brancos que cantava "Bibbidi-Bobbidi-Boo" enquanto transformava abóboras e ratinhos. Cate Blanchett torna-se na madrasta com mais estilo da história do cinema e James Madden passa da personagem de Rob Stark em "A Guerra dos Tronos" para ser o canastrão de serviço que se deixa encantar pela menina do sapatinho de cristal.
O primeiro exemplo de passagem de animação para imagem real na
Disney data de 1996, quando Glenn Close interpretou uma inesquecível Cruella DeVil em "101 Dálmatas", nova versão da longa metragem
animada de 1961. O filme foi um sucesso, e deu origem a uma sequela, "102 Dálmatas", em 2000.
Agora, as ambições da Disney em relação às histórias que repousam nos seus arquivos de animação tomam um rumo mais planeado.
Tudo começou em 2010, com Tim Burton a recriar o mundo de "Alice no País das Maravilhas" com a ajuda de Mia Wasikowska (Alice), Johnny Depp (Chapeleiro Louco) e Helena Bonham Carter (Rainha de Copas).
Em 2014, foi a vez de "Maléfica", uma revisão de "A Bela Adormecida" do ponto de vista da vilã, com Angelina Jolie a protagonizar o drama de uma fada que regressa para exercer vingança sobre Aurora após ter sido vítima das ambições do rei.
Agora, depois de "Cinderella" segue-se "O Livro da Selva". Chega às salas em abril de 2016 e tem como base o filme homónimo de 1967 baseado nos contos de Rudyard Kipling que acompanham Mowgli, um orfão criado por animais na selva indiana. Jon Favreau (de "O Homem de Ferro") dirige o jovem Neel Sethi. A fazer-lhe companhia estarão Scarlett Johansson, Idris Elba, Bill Murray, Ben Kingsley e Lupita Nyong’o a dar voz às personagens dos animais criados digitalmente.
Também para 2016, está prevista a sequela de "Alice no País das Maravilhas". "In Through the Looking Class" terá James Bobin (que assinou os dois flmes mais recentes de "Os Marretas") como realizador, e o regresso do elenco do primeiro filme para mais aventuras no mundo criado por Lewis Carroll.
Em março de 2017, Emma Watson e Dan Stevens (outro ator de "Downton Abbey") protagonizam "A Bela e o Monstro", com Bill Condon a trocar os vampiros de "Crepúsculo" pelo leme da nova versão da longa metragem animada de 1991.
O anúncio mais recente nesta linha de projetos, ainda sem data de estreia, ou elenco, diz respeito a Tim Burton que vai adaptar "Dumbo", a história do elefante de orelhas grandes.
Até agora, os estúdios contentavam-se em criar "franchises", marcas fortes nascidas de um primeiro filme com bons resultados de bilheteira, normalmente apoiadas numa, ou em várias personagens carismáticas. A partir dessa base sólida garantiam a produção de sequelas e a exploração comercial em diversas áreas laterais, mas sempre muito rentáveis, como o licenciamento de livros, brinquedos, roupa; ou a produção de séries televisivas de animação. Encontramos exemplos bem recentes dessa estratégia em "Harry Potter" e na saga "Twilight".
A Disney está a levar esse conceito um passo mais adiante. Não contente em ter as tais "franchises" lança-se na criação do que podemos chamar de "mega-franchises" como no caso do Universo Cinematográfico Marvel, ou na exploração da marca "Star Wars" após a aquisição da LucasFilm. Agarra num conjunto mais ou menos vasto de personagens e dá-lhes os seus próprios filmes, ou cruza-as em vários projetos. É também isso que está a acontecer com os antigos filmes de animação da Disney, transformados numa marca e revendidos sob novas roupagens.
A questão importante, no meio de toda esta planificação, é só uma: irá o mercado absorver todas estas propostas, essencialmente similares e em grande parte arriscadas? Ou, como aconteceu noutras alturas, irão os gostos evoluir deixando estes "universos" a meio e forçando os estúdios a fazer marcha-atrás e pensar noutras alternativas?
Por exemplo… que tal criar novas histórias?