10 Mai 2015 20:24
Agnès Varda vai ser homenageada pelo Festival de Cannes — na cerimónia de encerramento da 68ª edição do maior certame cinematográfico do mundo (a realizar no dia 24 de Maio), a cineasta de "Sem Eira nem Beira" (1985) e "Os Respigadores e a Respigadora" (2000) irá receber uma Palma de Ouro honorária.
De facto, apesar de ter estado várias vezes presente na secção competitiva do festival — desde logo com a longa-metragem que projectou o seu nome, "Duas Horas da Vida de uma Mulher" (1962) —, Varda nunca recebeu qualquer distinção em Cannes.
Começou por ser uma personalidade indissociável da Nova Vaga francesa, tendo assinado no seu período áureo filmes como "A Felicidade" (1965) e "Páginas Íntimas" (1966), reflectindo a procura de uma utopia afectiva das relações humanas que, afinal, é transversal a todo o seu trabalho.
Nascida a 30 de Maio de 1928, em Bruxelas, foi casada com Jacques Demy, desde 1962 até à sua morte, em 1990. Varda veio a assumir na sua própria filmografia as marcas da herança de Demy, nomeadamente através do retrato biográfico & romanesco que é "Jacquôt de Nantes" (1991) e do documentário "Les Demoiselles Ont eu 25 Ans" (1993), celebrando os 25 anos da rodagem de "As Donzelas de Rochefort".
Nos últimos anos, a sua obra adquiriu uma dimensão explicitamente autobiográfica, com Varda a recordar as suas experiências, particulares e cinematográficas, através dos seus filmes (e também das suas fotografias e exposições/instalações). O exemplo mais emblemático desse jogo de espelhos encontra-se em "As Praias de Agnès" (2008).