14 Mai 2015 1:29
O festival de Cannes sabe valorizar os filmes com temas relevantes e criar os momentos festivos que se justificam em função das propostas de entretenimento puro e mais popular.
Normalmente o filme que tem a honra de inaugurar o festival é um filme de grande espetáculo, aguardado com expectativa planetária – veja-se o que sucedeu nos anos mais recentes com "Monrise Kingdom", de Wes Anderson, "Up – Altamente, da Pixar/Disney, "O Grande Gatsby" de Baz Luhrmann e "Grace do Mónaco" de Olivier Dahan.
Desta vez o festival optou por um melodrama francês, realizado por Emmanuelle Bercout, valorizando o facto do filme de abertura ser de uma mulher, algo que não sucedia há décadas.
Catherine Deneuve foi a estrela mais cintilante desta primeira noite de gala, mas o seu brilho na passadeira vermelha e o seu desempenho consistente no papel de uma juíza de um tribunal de menores em Lille que acompanha os casos de crianças e adolescentes delinquentes, não chegam para alcançar a dimensão que se espera de um filme de abertura de um grande festival.
"La Tête Haute" é um drama competente e que tem a originalidade de abordar com uma perspetiva positiva o problema da integração dos jovens socialmente desenquadrados ou que vivem em famílias com problemas financeiros e que são capazes de os enquadrar e educar.
É um filme com soluções simplistas e evidentes nos caminhos narrativos que toma, um drama que se fica pelas boas intenções face aos problemas graves que aborda.