3 Set 2015 23:16
O novo filme do realizador Cary Fukunaga faz história em
Veneza. "Beasts of no Nation" foi exibido na competição, concorre pelo Leão de
Ouro, mas está destinado a ter uma difusão ampla na internet quando for
disponibilizado online no próximo dia 16 de outubro, data em que estreará nos
cinemas norte-americanos – com a exibição em sala nos Estados Unidos poderá beneficiar de
eventuais nomeações para os Óscares.
É a primeira produção de cinema do canal Netflix que entrou
como produtor adquirindo os direitos de distribuição depois das rodagens terem
terminado.
É uma nova realidade que interessa ao público português,
sobretudo aos assinantes do Netflix em determinados países, como sucede em
Portugal, onde os direitos de "Beasts" não
foram adquiridos para distribuição em sala.
65 milhões de espectadores em todo o mundo é uma plateia
ampla para uma produção independente que aborda a violência da guerra, centrando
a sua perspetiva no envolvimento das crianças em conflitos armados.
Propositadamente, não há pátria neste cenário de guerra, tal como não existiam fronteiras em "Os Sem Nome", o filme que revelou Fukanaga e onde abordava a
viagem de comboio que os imigantes
ilegais fazem ao longo da América latina à procura de uma oportunidade nos Estados Unidos.
É um filme atual e correto sobre a realidade dos conflitos
atuais, onde muita mão de obra desempregada encontra rendimento alistando-se em
movimentos de guerrilha. E intenso no modo como dramatiza o envolvimento de
crianças e, perversamente, as vantagens
que elas representam neste tipo de conflitos.
O realizador e o seu jovem ator são talentos Netflix em
Veneza – Fukunaga porque atrai as atenções que merece pela série "True Detective", exibida no canal online, e Abraham
pela sua interpretação consistente contracenando com Idris Elba, que
desempenha o papel do comandante da guerrilha.
É interessante que um filme produzido para ser visto online
estreie mundialmente no mais antigo festival de cinema do mundo – afinal este
mundo novo não dispensa o prestígio de um palco tradicional.
E faz sentido que assim seja porque "Beasts of no Nation" é
um objeto de cinema e que ganha se for visto em sala…