Novembro é o mês de João salaviza no Cinemax Curtas. Em três sessões exibimos um programa especial complementar à estreia e exibição nos cinemas de "Montanha", a primeira longa-metragem do realizador.
Esta programação dedicada ao cinema de Salaviza é concluída com a exibição de "Rafa" (Urso de Ouro no Festival de Berlim 2012), a terceira curta-metragem da chamada trilogia acidental desenvolvida com "Cerro Negro" (prémio melhor realizador português no IndieLisboa’12) e "Arena", (Palma de Ouro no festival de Cannes 2009 e prémio melhor curta-metragem portuguesa no IndieLisboa’09).
"Rafa", um rapaz que vive em Almada, descobre que a mãe foi detida pela Polícia. Na mota de um amigo, cruza a ponte 25 de abril e vai a uma esquadra no centro de Lisboa para visitá-la e esperar pela sua libertação.
A curta-metragem é um filme sobre o crescimento num só dia, centrada numa criança-adolescente que é forçada a assumir responsabilidades familiares. Nesse aspeto há uma ligação entre "Rafa", a última curta-metragem de ficção de João Salaviza, e a sua primeira longa-metragem, já que "Montanha" também aborda esta fase do crescimento de um miúdo num contexto familiar difícil.
Rodrigo Perdigão estreou-se no cinema com este papel – depois disso integrou o elenco da longa-metragem "Montanha". Perdigão tinha 14 anos quando João Salaviza o escolheu para interpretar "Rafa". O realizador não teve dúvidas porque Rodrigo tinha algo de menino-rapaz que era ideal para o papel, além de residir em Almada e de ter a idade da personagem do filme.
Em "Rafa", João Salaviza quis filmar lugares conhecidos de Lisboa. A Praça do Comércio e as ruas da baixa fazem parte do roteiro percorrido por Rafa enquanto deambula perdido na cidade.
A trilogia acidental de Salaviza ganhou esse sentido quando o realizador conclui "Rafa" e percebeu a ligação entre as curtas-metragens
Nos filmes anteriores também existiam personagens que estavam desconfortáveis ou confrontadas com a prisão. No caso de "Arena" era um homem em prisão domiciliária que saía de casa para experimentar uma liberdade efémera; em "Cerro Negro" uma mulher, acompanhada do filho, visitava o marido na prisão.