31 Jan 2016 23:22
Autor do recente "Amor Impossível", o realizador António-Pedro Vasconcelos tem o seu nome ligado a alguns títulos que, de uma maneira ou de outra, têm sabido registar os sinais de mudança nos comportamentos de homens e mulheres na sociedade portuguesa. O mais célebre desses títulos é, obviamente, "O Lugar do Morto" — estreou-se em 1984.
Vogamos num universo alimentado por um jogo de muitas aparências, de tal modo que o espectador participa de uma ziguezague de evidências e mistérios em que cada personagem procura a sua redenção, ou apenas a sua estabilidade — tudo se passa a partir do encontro casual de um homem, jornalista, e uma mulher misteriosa.
A mulher é Ana Zanatti, o homem é Pedro Oliveira, na altura jornalista da RTP. António-Pedro Vasconcelos apostava, assim, na integração de intérpretes conhecidos do público, por vezes vindo de outras áreas que não necessariamente o cinema ou o teatro. No elenco, encontramos ainda, entre outros, os nomes de Teresa Madruga, Ruy Furtado, Manuela de Freitas, Luís Lima Barreto e Carlos Coelho.
"O Lugar do Morto" aposta num registo a meio caminho entre o policial e o drama romântico, desse modo integrando sinais de comportamentos que, em última análise, conservam uma memória sociológica, e também afectiva, de Portugal em meados da década de 80 — parecendo que não, já foi há mais de 30 anos.