10 Mai 2016 1:15
É caso para dizer: nem tudo está perdido no mundo da cinefilia. Ou ainda: ainda há quem se preocupe em preservar as memórias, criando possibilidades de (re)descoberta dos filmes mais "velhos" que, por uma razão ou por outra, marcaram de modo indelével a história do cinema. Falamos de quê? Pois bem, da secção de clássicos do Festival de Cannes.
Eis algumas das cópias restauradas que será possível ver este ano na Côte d’Azur:
— CONTOS DA LUA VAGA (1953), de Kenji Mizoguchi: obra-prima do mestre japonês, tradicionalmente citada nos tops dos melhores filmes de sempre.
— O FOSSO E O PÊNDULO (1961), de Roger Corman: um dos clássicos do terror de "série B", com Vincent Price e Barbara Steele [trailer original].
— CINCO ANOS DEPOIS (1961), de Marlon Brando: o célebre western "One Eyed Jacks", revendo e superando as convenções do género através das regras do Método.
— MASCULINO FEMININO (1966), de Jean-Luc Godard: genial crónica social, política e geracional, sobre "os filhos de Marx e da Coca-Cola".
— ADIEU BONAPARTE (1984), de Youssef Chahine: o épico do grande cineasta egípcio, com Patrice Chéreau no papel de Napoleão.
A par desta amostragem de filmes que estão a ser objecto de reconversão para as novas matrizes digitais, Cannes Classics propõe também uma galeria de documentários que, de uma maneira ou de outra, nos poderão ajudar a compreender momentos emblemáticos da história, quer através de determinados autores, quer pesquisando períodos e movimentos. Isto sem esquecer que a "Leçon de Cinéma" deste ano estará a cargo de William Friedkin ("O Exorcista").
Nesta perspectiva, o grande acontecimento anunciado será "Voyage à Travers le Cinéma Français", um longo trabalho documental (03h 15m) que se propõe revisitar referências emblemáticas da história do cinema em França através da visão do seu realizador, Bertrand Tavernier — recorde-se que Tavernier ganhou um prémio de melhor em Cannes, em 1984, com "Um Domingo no Campo".