Benoît Polvoorde: actor e co-realizador em

1 Jul 2016 19:17

O novo filme do belga Jaco van Dormael tem um título que é todo um programa: "Deus Existe e Vive em Bruxelas". Há, de facto, no cinema da Bélgica uma tradição a meio caminho entre a parábola filosófica e o humor absurdo que gosta de brincar com as coisas mais sérias, ou aparentemente mais sérias. Um outro exemplo esclarecedor vem de 1992 e chama-se: "Manual de Instruções para Crimes Banais".

 

"Deus Existe e Vive em Bruxelas" e "Manual de Instruções para Crimes Banais" têm um nome comum: Benoît Polvoorde. E em registos desconcertantes: no novo filme, ele interpreta Deus e, como o título informa, “vive em Bruxelas”; no "Manual de Instruções para Crimes Banais", Polvoorde é um tal Ben, figura ao mesmo simpática e demoníaca, que executa golpes, “crimes banais”, que tendem a acabar de forma francamente violenta.



Seja como for, não estamos perante um tradicional drama policial. Aliás, "Manual de Instruções para Crimes Banais" nem sequer se pode definir como uma narrativa dramática. Será antes uma paródia, muito negra, é um facto, mas brincando com o próprio cinema — afinal de contas, tudo se passa através de uma equipa de filmagens que anda a fazer um documentário sobre Ben e a sua bem disposta actividade criminosa.

Estamos perante um filme algo premonitório de uma moda dos últimos anos: um documentário forjado, irónico, auto-irónico, que funciona como um bizarro conto moral sobre as fronteiras do Bem e do Mal. Benoît Polvoorde empenhou-se a sério no projecto, partilhando a realização com os seus amigos Rémy Belvaux e André Bonzel — para a história, ficou como um pequeno fenómeno de culto no Festival de Cannes de 1992.
  • cinemaxeditor
  • 1 Jul 2016 19:17

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