Marcello Mastroianni,

19 Ago 2016 23:33

Há músicas que entraram no imaginário cinéfilo, conciliando a memória histórica e o apelo mitológico. É o caso das composições de Nino Rota para muitos filmes de Federico Fellini e, em particular, para o clássico "Oito e Meio" — mais do que uma ilustração ou um acompanhamento, trata-se de um conjunto de elementos sonoros, a meio caminho entre o romantismo e a ironia, que define um ambiente e uma visão do mundo.



Convém lembrar que se estava em 1963. E que, afinal de contas, o cinema italiano vivia convulsões paralelas às do cinema francês, ali mesmo ao lado, com a Nova Vaga. Com uma diferença importante: os italianos estavam a libertar-se das regras do neo-realismo e da sua ligação estética e simbólica ao pós-guerra — era altura de observar e questionar as contradições da sociedade de consumo.

Marcello Mastroianni e Claudia Cardinale são duas presenças emblemáticas do cinema de Fellini, mas também do grande imaginário do cinema italiano. Pode dizer-se que Fellini soube conciliar a preocupação de abordar a sociedade italiana da época com o gosto clássico das estrelas de cinema — tudo em nome do espectáculo, até porque "Oito e Meio" é um retrato íntimo e delirante dos bastidores do próprio cinema.

Além do mais, convém também não esquecer que "Oito e Meio" foi um título decisivo no relançamento internacional da produção italiana, chegando mesmo aos Oscars. E ganhou dois: o de melhor guarda-roupa para um filme fotografado a preto e branco e ainda, mais importante, o de melhor filme estrangeiro de 1963.

  • cinemaxeditor
  • 19 Ago 2016 23:33

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