1 Out 2016 22:13
Uma certa visão simplista da história técnica do cinema leva a pensar que os célebres efeitos especiais são um fenómeno dos últimos 15 ou 20 anos. Nada mais errado. Desde os tempos heróicos dos pioneiros do mudo que os cineastas apostaram em desafiar os limites figurativos das imagens. Como símbolo dessa atitude, vale a pena recordar um dos títulos mais populares do Verão de 1966, portanto há 50 anos — chama-se "Viagem Fantástica".
Como se dizia no trailer da época, estava-se perante uma experiência cinematográfica “completamente nova”. De facto, "Viagem Fantástica" passa-se, no essencial, no interior de um corpo humano — através de um processo de miniaturização, um grupo de cientistas é lançado na corrente sanguínea de um corpo para rumarem ao cérebro e tratarem um tumor.
Era uma aventura a que a própria música de Leonard Rosenman emprestava uma ambiência a meio caminho entre o mistério dos cenários e o espanto da descoberta. Aliás, Rosenman, na altura um dos nomes grandes da música em Hollywood, conseguia algumas proezas fascinantes, incluindo os efeitos sonoros que se ouvem no genérico de abertura de "Viagem Fantástica".
Com um elenco que incluía os nomes de Stephen Boyd, Raquel Welch e Donald Pleaseance, o filme tinha realização de Richard Fleischer, um hábil artesão de Hollywood que já assinara, por exemplo, no ano de 1954, uma versão de "20.000 Léguas Submarinas" — para a história, "Viagem Fantástica" ganhou dois Oscars ligados à sua concepção visual: melhor cenografia e melhores efeitos visuais.