30 Dez 2016 23:14
O mais recente filme de Denis Villeneuve, "Arrival", recebeu o título português de "O Primeiro Encontro". E é disso que se trata: de um inusitado encontro com os passageiros de uma nave que chega ao nosso planeta, quer dizer, extra-terrestres. Estamos, afinal, perante a renovação de toda uma tradição narrativa e mitológica do cinema, da literatura, da banda desenhada. Momento emblemático de tal tradição é, obviamente, o filme de Steven Spielberg, "Encontros Imediatos do Terceiro Grau".
Era através das notas musicais que se processava a comunicação entre humanos e aliens. Dito de outro modo: era com elas, e através delas, que se atingia o terceiro grau destes encontros. O primeiro grau consiste em avistar um ovni; o segundo envolve algum tipo de evidência física; no terceiro, já há contacto, isto é, comunicação — este é o trailer da edição comemorativa dos 30 anos do filme.
Há outra maneira de dizer isto, ou melhor, de escutar tudo isto: para Spielberg, a encenação dos encontros dos seres humanos com os extra-terrestres pouco ou nada tem a ver com as parábolas mais ou menos apocalípticas da ficção científica dos anos 50. Desta vez, pode haver algo de purificador na relação com os extra-terrestres, algo que, afinal, nos relança nas maravilhas esquecidas da infância.
Spielberg realizou "Encontros Imediatos do Terceiro Grau" em 1977, dois anos depois do mega-sucesso de "Tubarão". Escusado será dizer que são dois filmes bem diferentes, ainda que ligados pelo mesmo medo do desconhecido. Em qualquer caso, em "Encontros Imediatos…" esse medo conduz o filme a uma certa ideia de redenção e felicidade — a ponto de na banda sonora reaparecer uma canção do clássico "Pinóquio" (1940), "When You Wish Upon a Star".