O estúdio é conhecido pelos seus filmes sobre monstros, animais, ou brinquedos, mas a primeira obra original Pixar após a eleição de Donald Trump é uma carta de amor ao México.
O tema de "Coco" apoia-se na tradicional festa dos mortos, o "Dia de los muertos", e deverá estrear cerca de doze meses após o escrutínio presidencial de 8 de novembro, ganho pelo magnata do imobiliário que fez uma campanha marcada pelo tema da anti-imigração e tratou os mexicanos como se fossem todos violadores e traficantes de droga.
"Criámo-lo para o mundo e esperamos que venha a ter uma influência positiva no mundo", explica à AFP Lee Unkrick, realizador de "Coco" e veterano da Pixar que realizou dois dos filmes "Toy Story". "Mais ainda para o México em particular", acrescenta desde a sua cadeira no estúdio onde um grupo de jornalistas pode ver, em primeira mão, algumas imagens do filme.
Com a voz de Anthony Gonzalez e de vedetas como Gael Garcia Bernal (Mozart na Selva) e Benjamin Bratt (Doutor Estranho), "Coco" segue um jovem músico mexicano de 12 anos que viaja até ao país dos mortos para conhecer os seus antepassados.
A 19ª longa metragem de animação da Pixar fará parte de uma filmografia de sucesso: 11 mil milhões bilhões de dólares em receitas de bilheteira e 13 Oscars acumulados desde "Toy Story", em 1995, e primeira integralmente criada em computador.
Novos conceitos
A origem da Pixar remonta a 1979, à Graphics Group, divisão digital da Lucasfilm do criador de "Star Wars", George Lucas. John Lasseter, o lendário patrono da divisão de longas metragens da Pixar, juntou-se à Graphics Group em 1983, antes da sua compra, três anos mais tarde, pelo fundador da Apple, Steve Jobs, que lhe conferiu fama. Na sequência de um conjunto de curtas-metragens muito aplaudidas, o estúdio lança-se nas longas e alia-se à Disney para produzir "Toy Story", o maio sucesso nas salas de cinema em além de gros sucesso em salas de 1995 (374 milhões de dólares em todo o mundo).
De seguida, em 2000, Steve Jobs instalou a empresa num campus de 9 hectares em Emeryville, perto de São Francisco, onde tudo foi pensado para estimular a criatividade dos cerca de 600 funcionários (piscina exterior de água salgada, campo de futebol, edifício de arquitetura moderna ambiciosa…).
A Pixar já tinha ganho o Oscar de melhor filme de animação com "À Procura de Nemo" e "Os Incríveis" quando foi adquirida pela Disney, em 2006, por 7,4 mil milhões de dólares.
O estúdio ganhou uma série de outras estatuetas douradas com "Ratatouille", "WALL-E", "Up" e, mais recentemente, "Divertida-mente", apesar de alguns acidentes de percurso: "Carros 2" (2011) foi considerado um fracasso criativo e crítico, e a receita obtida com "A Viagem de Arlo", em 2015, não cobriu sequer o custo de produção. Lee Unkrich também se lembra do pânico da equipa de "Toy Story 2" (1999), quando percebeu que a data de lançamento se aproximava, mas a história não funcionava. O grupo recuperou a inspiração e Unkrich recorda quando Steve Jobs, falecido em 2011, lhe confessou como as suas maiores criações foram sempre concebidas em tempos de emergência e com falta de meios, "quando as pessoas unem forças e, finalmente, levam a cabo a sua tarefa."
"Coco" é o primeiro de uma série de filmes com conceitos completamente novos postos em marcha desde que a Pixar anunciou uma pausa na sequência de sagas de sucesso após o lançamento de "Toy Story 4", previsto para 2019. Apesar da experiência do estúdio, que se tornou uma referência absoluta da área do cinema de animação, Lee Unkirch admitir que em cada novo projeto a Pixar mergulha em águas desconhecidas: "Não há garantia de que vá resultar. Nós só esperamos que gostem."