Jack Nicholson e Faye Dunaway — o

15 Jun 2017 0:05

Quando falamos do chamado filme “noir”, lembramo-nos dessas histórias de crimes, detectives e mulheres fatais que estão em "The Big Sleep" (1946), "Gun Crazy" (1950) ou "The Big Heat" (1953). Até mesmo um título recente da produção portuguesa, "Ornamento e Crime", de Rodrigo Areias, não é estranho à nostalgia desse género tão típico das décadas de 40/50 em Hollywood. Nos anos 70, mais exactamente em 1974, foi um europeu que o relançou — foi ele Roman Polanski e o filme chama-se "Chinatown".

Polanski pensou em todos os elementos estruturantes da tradição do "noir", incluindo a música, encantada e encantatória, do grande Jerry Goldsmith, obviamente assumindo a herança da grande tradição clássica marcada por compositores como Max Steiner, Franz Waxman ou Dmitri Tiomkin. Mas está longe de ser uma mera cópia — afinal de contas, a visão do filme “noir” por Polanski envolve um misto de celebração e recriação.



Jack Nicholson e Faye Dunaway são os dois nomes principais de um notável elenco que inclui também Diane Ladd, John Huston e o próprio Polanski num papel curto, mas inesquecível. Através de um intriga em que os interesses políticos se cruzam com os fantasmas familiares, "Chinatown" é, afinal, um conto cruel sobre a verdade e a mentira e, no limite, sobre as raízes mitológicas da cidade de Los Angeles.

Na trajectória de Polanski, "Chinatown" é o filme que, por assim dizer, o confirma como um autor capaz de lidar com o imaginário de Hollywood, isto depois de já ter experimentado as aventuras de vampiros, em "Por Favor, Não Me Morda o Pescoço" (1967), e o género de terror, com "A Semente do Diabo" (1968) — estamos perante o trabalho de um cineasta que sempre se soube mover, com subtileza e inteligência, entre as suas raízes europeias e os modelos de espectáculo made in America.

  • cinemaxeditor
  • 15 Jun 2017 0:05

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