11 Jul 2017 1:22
Esta quinta-feira chega às salas de cinema portuguesas "Planeta dos Macacos: A Guerra", terceira parte de uma nova série de filmes baseados no livro "O Planeta dos Macacos", do francês Pierre Boulle. Apesar das alterações feitas ao conceito original, a ideia base mantém-se – o conflito entre a humanidade e símios intelectualmente avançados – e continua a atrair público, quase 50 anos após ter surgido pela primeira vez nos ecrãs.
Em 1963, onze anos após "A Ponte Sobre o Rio Kwai", inspirado na sua experiência como prisioneiro de guerra dos japoneses, Pierre Boulle publica um novo livro. Relata a viagem do jornalista Ulysses, levado numa viagem intergalática que acaba num planeta onde os símios são a espécie dominante.
Um ano mais tarde, o produtor Arthur P. Jacobs interessa-se pelo material e adquire os direitos para cinema. Entrega a escrita do argumento a Rod Serling, criador de "A Quinta Dimensão", que americanizou as personagens e inseriu elementos como a guerra nuclear e a célebre cena da descoberta da Estátua da Liberdade enterrada na areia. No entanto, a versão final, acabou por pertencer a Michael Wilson, o mesmo que já adaptara "A Ponte Sobre o Rio Kwai" ao cinema. Charlton Heston foi convencido a ser o protagonista e recomendou Franklin J. Schaffner para realizar.
"O Planeta dos Macacos" estreou nos Estados Unidos em abril de 1968, foi um enorme sucesso de bilheteira e levou a Academia a entregar pela primeira vez um Oscar de efeitos especiais que coube a John Chambers pela caracterização das personagens.
A sequela, "O Segredo do Planeta dos Macacos", começou a ser produzida pouco depois, com o britânico Paul Dehn ("O Espião Que Veio do Frio", "Goldfinger" e "Crime no Expresso do Oriente" ) a assumir a escrita. Com Schaffner ocupado com "Patton", a realização foi entregue a Ted Post, um homem da televisão. O enredo passa a centrar-se em Brent, um outro astronauta enviado numa missão de resgate dos tripulantes da primeira nave, e apresenta uma civilização de mutantes telepatas que vivem no subsolo. A estreia foi em maio de 1970 e a receção foi sobretudo negativa, por parte da crítica e de menor interesse do lado dos espectadores.
Mesmo assim, a 20th Century Fox deu luz verde a outra sequela, novamente escrita por Dehn e com Don Taylor (viria a dirigir "Tom Sawyer" no ano seguinte) na realização. Sempre com orçamentos mais apertados, uma tendência que se viria a verificar sempre após o primeiro filme, a ação de "Fuga do Planeta dos Macacos" é transportada para o século XX no planeta Terra e coloca as personagens Zira e Cornelius, dois símios dos filmes anteriores, em conflito com a civilização humana. As críticas foram bastante melhores, mas a receita de bilheteira na América do Norte continuou a decrescer em comparação com os filmes anteriores.
Apesar disso, o baixo custo de produção permitiu que o filme acabasse por dar lucro e persuadiu a Fox a avançar com um quarto filme, em 1972. "A Conquista do Planeta dos Macacos" apontou a atenção para César, o filho de Zira e Cornelius, que lidera uma revolta dos símios escravizados contra os humanos. Dehn escreveu o seu último argumento para a saga e J. Lee Thompson foi o realizador de serviço.
A história da revolta de César abriu caminho para um último filme, "Batalha pelo Planeta dos Macacos", estreado em 1973, novamente com J. Lee Thompson ao leme e argumento do casal John William e Joyce Cooper Corrington. Foi considerado como o mais fraco de todos pela crítica e obteve a menor receita de bilheteira de entre os quatro filmes.
Com o fim das aventuras no grande ecrã, "Planeta dos Macacos" fez uma primeira incursão pela televisão em 1974, já sem Arthur P. Jacobs, falecido um ano antes. A série estreou no canal CBS no outono desse ano, mas não passou da primeira temporada. Alguns dos 14 episódios seriam reciclados no formato de telefilmes nos anos 80.
O derradeiro capítulo desta primeira vida de "Planeta dos Macacos" tem lugar em 1975 com o lançamento de uma série de animação intitulada "O Regresso do Planeta dos Macacos". Sem audiências que justificassem o investimento, a NBC não renovou o programa para a segunda temporada.
Um quarto de século depois, Tim Burton recupera a história e, em 2001, realiza a sua versão do original, com Mark Wahlberg no papel do astronauta Leo Davidson. Chegado a um planeta onde os símios tratam os humanos como escravos, lidera uma rebelião com a ajuda de uma macaca chamada Ari (Helena Bonham Carter). A produção, que custou 100 milhões de dólares, rendeu 362 milhões nas bilheteiras mundiais. As críticas são sobretudo más e Burton confessa-se esgotado com as dificuldades da produção. À pergunta sobre se estaria disposto a rodar uma sequela responde "preferia saltar pela janela".
Salto no tempo para 2005. Rick Jaffa e Amanda Silver inspiram-se em recentes descobertas da ciência na área da manipulação genética para criarem "Planeta dos Macacos: A Origem". O projeto fica em banho-maria até 2011. César passa a ser um chimpanzé geneticamente modificado que lança uma rebelião contra a humanidade. Entra em cena a Weta Digital de Peter Jackson para revitalizar a série com os mais avançados efeitos digitais e Andy Serkis no papel da personagem principal totalmente criada em motion capture. Rupert Wyatt assina o trabalho de realização. Boas críticas e uma robusta receita de bilheteira (#14 mundial do ano) conferiu o impulso necessário para a continuidade.
"Planeta dos Macacos: A Revolta" dá continuidade à história da mudança no equilíbrio de forças entre humanos e símios. Estreado no verão de 2014, o filme obtém 710 milhões de dólares, a oitava maior receita de bilheteira mundial do ano.
Agora, a terceira parte "Planeta dos Macacos: A Guerra" coloca frente a frente César e o novo vilão, conhecido apenas como o Coronel. As primeiras notícias da imprensa norte-americana são bastante elogiosas. À beira de cumprir 50 anos nos ecrãs, "Planeta dos Macacos" pode não ficar por aqui. A 20th Century Fox já anunciou que está uma quarta longa-metragem em desenvolvimento.