30 Ago 2017 23:55
A ideia de encolher as pessoas até 12 centímetros para salvar a humanidade e resolver os problemas que ameaçam a sustentabilidade do planeta cresce no mais recente filme de Alexander Payne.
A premissa que remete para o universo da ficção científica abre uma possibilidade nova em cinema para abordar as questões económicas, políticas, ambientais e sociais, que ameaçam o nosso modo de vida.
Assim, um casal interpretado por Matt Damon e Kristen Wigg, toma a decisão de encolher, mudando-se para uma cidade em minatura gerida por uma companhia que assegura todas as etapas do processo.
Note-se que o filme assume um cinismo contemporâneo ao sustentar que esta opção é tomada por razões financeiras, já que muitas pessoas de classe média tomam esta decisão porque os seus recursos, aplicados nesta nova economia, permitem ter um estilo de vida muito mais desafogado.
Alexander Payne mantém o tom humanista de "As Confissões de Schmidt", "Os Descendentes", e até "Nebraska". O filme acaba por estabelecer um paralelo sobre o nosso modo de vida, assumindo que pouco mudará numa escala mais reduzida.
"Downsizing" abdica da sua visão futurista em detrimento de uma história de amor, colocando em segundo plano as questões urgentes que aborda, incluindo a ameaça concreta do apocalipse provocado por motivos ambientais.
Podemos ser levados a ter uma perspetiva redutora, vendo-o como uma espécie de "Querida, Eu Encolhi os Miúdos" sobre o final do mundo.
A edição 74 do Festival de Veneza procurou abrir com o seu filme marcante para a temporada de prémios como sucedeu em anos anteriores com "La La Land" (2016), de Damien Chazelle, "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" (2014), de Alejandro González Iñárritu, e "Gravidade" (2013), de Alfonso Cuarón.
"Downsizing" também tem uma história diferente mas não causa tanto espanto artístico e técnico. Ainda assim poderá ter nomeações para os Óscares nas categorias de ator (Matt Damon), atriz secundária (Hong Chau), argumento, e filme.