29 Mar 2018 16:58
… como é que o astronauta Dave Bowman (Keir Dullea) poderá lidar com o poder crescente do computador HAL 9000? Uma das perguntas mais dramáticas de “2001: Odisseia no Espaço” vai ser relançada num contexto muito especial. Dito de outro modo: começando a desvendar o seu programa de 2018, o Festival de Cannes anunciou a passagem de uma cópia restaurada da obra-prima de Stanley Kubrick numa especialíssima sessão da secção de Clássicos.
A ocasião, convenhamos, não é banal. Lançado a 3 de Abril de 1968, o filme de Kubrick está a completar, assim, meio século de existência, mantendo-se como uma referência incontornável, não apenas no domínio da ficção científica, mas de todas as formas de narrativa cinematográfica. O menos que se pode dizer é que a demanda do infinito — “Júpiter e mais além…” — conserva todo o seu apelo existencial e também a sua sedução filosófica.
O festival decorre, este ano, entre 8 e 19 de Maio, estando a sessão de “2001” agendada para o primeiro sábado, dia 12. E com um enquadramento francamente sedutor: Christopher Nolan apresentará o filme, sendo no dia seguinte o convidado de uma Masterclass em que a herança de Kubrick surgirá como tema central. “2001” será projectado numa cópia de 70mm, resultante de um restauro em que o próprio Nolan colaborou, em estreita ligação com os técnicos da Warner Bros.
E não deixa de ser significativo que esta notícia tenha surgido poucos dias depois de Thierry Frémaux, delegado geral do certame, ter declarado que os filmes da Netflix (que continuam a não ser distribuídos nas salas) não estarão presentes na competição oficial. Trata-se, afinal, de continuar a valorizar a experiência insubstituível do ecrã e, neste contexto, do ecrã gigante do Palácio dos Festivais. Como sublinhou o próprio Frémaux: “Congratulamo-nos antecipadamente por esta projecção singular em 70mm que vai provar, se tal fosse necessário, que o cinema foi realmente inventado para o grande ecrã.”