Virgine Ledoyen e Catherine Deneuve — em tom de farsa... com música

17 Jun 2018 2:24

Fascinante e desconcertante cineasta, François Ozon: por um lado, recentemente, através desse belíssimo filme que é “Frantz”, descobrimo-lo como talentoso herdeiro do grande melodrama clássico; por outro lado, a sua obra apresenta-se como um ágil ziguezague entre os mais diversos géneros e registos — incluindo o musical.



Exactamente: Catherine Deneuve a cantar. O filme chama-se “8 Mulheres” e foi realizado por François Ozon no ano de 2002. Digamos que se trata de uma comédia (ou talvez, melhor, uma farsa) sobre as tensões entre masculino e feminino — esta é mesmo a história de um grupo de mulheres que fazem o inventário das suas existências depois da morte de um homem que é uma espécie de patriarca do seu universo.

Ludivine Sagnier e Virginie Ledoyen são nomes de uma geração mais jovem também presentes no elenco — uma geração, afinal, herdeira da tradição que Catherine Deneuve exemplarmente representa. Aliás, “8 Mulheres” apresenta-se como uma reunião de gerações no feminino, incluindo a lendária Danielle Darrieux, Isabelle Huppert, Emmanuelle Béart e Fanny Ardant.


Através de um objecto tão insólito e tão sedutor como “8 Mulheres”, François Ozon conseguiu essa coisa simples, mas prodigiosa, que consiste em reafirmar a possibilidade contemporânea do musical — não apenas um registo mais ou menos distante e nostálgico, mas de facto um modo de expressão que vale a pena reinvestir e reinventar.

Nesta perspectiva, ele assume-se como herdeiro também de um cineasta tão singular como Jacques Demy. Por isso mesmo, convém não esquecer que, ao longo das décadas de 60, 70 e 80, Demy assinou algumas obras-primas musicais incluindo “Os Chapéus de Chuva de Cherburgo” e “As Donzelas de Rochefort” — ainda e sempre com Catherine Deneuve; e no caso de “As Donzelas de Rochefort”, com a sua irmã, Françoise Dorléac [banda sonora, da autoria de Michel Legrand].


  • cinemaxeditor
  • 17 Jun 2018 2:24

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