24 Jun 2018 0:31
Premiado em Cannes/2017 como melhor intérprete masculino, no filme "Nunca Estiveste Aqui", de Lynn Ramsay, Joaquin Phoenix possui uma carreira que é um impressionante painel de coisas estranhas, diversas, por vezes contraditórias. Muitas vezes associamo-lo a dramas urbanos, contemporâneos, mas a sua primeira nomeação para um Oscar ocorreu com o filme “Gladiador”, do ano 2000, interpretando Cómodo, filho de Marco Aurélio, face a Russell Crowe.
É um daqueles actores sem tipo definido, capaz de se exprimir em registos muito diversos, da ligeireza mais simples ao dramatismo mais enigmático. Curiosamente, terá sido sob a direcção de M. Night Shyamalan que encontrou alguns dos seus desafios mais radicais — primeiro em “Sinais”, uma produção de 2002, e dois anos mais tarde nessa perturbante parábola política que é “A Vila”.
Joaquin Phoenix já teve mais duas nomeações para Oscars, a última das quais com “O Mentor”, de 2012, extraordinária deambulação de Paul Thomas Anderson pelo imaginário religioso americano. De qualquer modo, terá sido em 2006, com “I Walk the Line”, de James Mangold, que ele esteve mais próximo de arrebatar uma estatueta dourada — através de um invulgar labor de corpo e voz, Phoenix reinventava a figura lendária de Johnny Cash.
Estamos perante um actor capaz de aceitar os desafios menos óbvios — neste momento, por exemplo, trabalha em “The Sisters Brothers”, o novo projecto do francês Jacques Audiard. Mas terá sido em 2013, com “Her – Uma História de Amor”, sob a direcção de Spike Jonze, que Joaquin Phoenix compôs uma das suas personagens mais bizarras: um homem, do futuro próximo, que tem uma relação de amor com… o seu computador.