17 Out 2018 23:29
Perante a estreia da nova versão de “Assim Nasce uma Estrela”, com Lady Gaga e Bradley Cooper, somos inevitavelmente levados a evocar as versões anteriores — começando pela de 1976, com Barbra Streisand e Kris Kristofferson (precisamente aquela que o novo filme identifica como inspiração principal), depois recuando até ao original de 1937, com Janet Gaynor e Fredrich March. Seja como for, a memória mais forte provém da versão de 1954 — tem assinatura de um mestre da idade clássica de Hollywood: George Cukor.
Judy Garland — a versão de 1954 de “Assim Nasce uma Estrela” é um dos momentos fulcrais da carreira dessa actriz, cantora, entertainer que encarna como poucas actrizes (ou actores) os valores mais puros do espectáculo cinematográfico. Admiravelmente dirigida por George Cukor, ela contracenava com um grande senhor da mesma época, infelizmente muito esquecido — é ele James Mason
A história da cantora que se transforma numa estrela é a história desses dois seres — um homem e uma mulher ligados pelo amor do espectáculo, feridos pela vertigem do álcool. George Cukor filmava, afinal, os bastidores de Hollywood como um drama tecido de utopias e tragédias. No trailer da época, a Warner Bros, definia o filme como “o acontecimento mais aguardado na história do espectáculo” e, mais do que isso, o começo de “uma nova era”.
O filme foi nomeado para seis Oscars de 1954, mas não ganhou em nenhuma categoria. O certo é que, quando olhamos agora para a produção dessa década gloriosa, compreendemos que “Assim Nasce uma Estrela” é um admirável espelho, terno e cruel, do cinema — entenda-se: das pessoas que fazem e amam o cinema.