Londres, 1999: Nicole Kidman e Tom Cruise

27 Dez 2019 15:00

Com o passar do tempo, o derradeiro filme de Stanley Kubrick tornou-se uma referência de tal maneira forte na história do cinema que mesmo aqueles que nunca o viram saberão alguma coisa do protagonismo de Nicole Kidman e Tom Cruise, da demorada rodagem em Londres, enfim, da obsessiva exigência de perfeição de Kubrick nos mais pequenos detalhes dos actores, dos cenários, das luzes, dos movimentos de câmara…

Pois bem, "De Olhos Bem Fechados" completou 20 anos em 2019, tendo regressado em cópia restaurada. E tudo começa sob o signo da música de Dmitri Shostakovich, mais precisamente a Valsa nº 2 da sua Suite para Orquestra de Variedades, composta em 1938, por vezes identificada como Suite para Orquestra de Jazz (mesmo se não foi essa a designação escolhida pelo compositor).


A música de Shostakovich serve para lançar a história do casal que vai, por assim dizer, experimentar os seus próprios limites — “De Olhos Bem Fechados” revive a miragem do romantismo para redescobrir a verdade dos fantasmas conjugais. Lembremos, a propósito, os sobressaltos do célebre diálogo sobre os homens e as mulheres, a fidelidade e a traição, entre Nicole Kidman e Tom Cruise.


Como sempre no cinema de Kubrick, a música desempenha uma função narrativa fundamental. Não é um mero pano de fundo mas, apetece dizer, uma personagem sonora que se vai imiscuindo nas acções das personagens, ora reforçando o drama, ora dele se distanciando. Neste caso, um sugestivo exemplo será o clássico “Strangers in the the Night”, de Frank Sinatra, interpretado pela orquestra de Peter Hughes.


E chegamos a 2019: vinte anos depois, “De Olhos Bem Fechados” permanece um fascinante conto moral sobre o que somos, o que imaginamos ser e o que não sabemos somos. Na banda sonora lá está Chris Isaak a lembrar-nos as coisas más que fazemos — com o ritmo certo e uma ironia irresistível.

  • cinemaxeditor
  • 27 Dez 2019 15:00

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