20 Jun 2020 1:17
Eis o regresso de um filme que, em tempos de regresso às salas, exemplifica um contraponto importante. A saber: a "reposição" nas plataformas de streaming de títulos com níveis de difusão mais limitados.
"Sophia, na Primeira Pessoa", disponível na Zero em Comportamento, é um documentário sobre Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) que segue uma estratégia simples e didáctica: revisitar documentos que ajudem a compreender o universo plural e fascinante de Sophia, sem ceder ao "vício" da biografia banalmente descritiva.
Produzido pela RTP, realizado por Manuel Mozos, "Sophia, na Primeira Pessoa" vive, assim, daquilo que o título identifica — são palavras de Sophia, desde os seus poemas até alguns belos momentos de diálogo, incluindo uma conversa com Fernando Assis Pacheco, datada de 1995.
De tal modo que imagens e sons se enredam num novelo que, sendo autobiográfico, é, acima de tudo, poético e prospectivo. Dir-se-ia que assistimos à edificação de um retrato em que a poetisa se expõe como autora da sua própria imagem e, ao mesmo tempo, descobrindo outros rostos e narrativas que a habitam — é também uma via possível para nos levar a ler e reler Sophia.