Em casa
MULHERZINHAS (1933)
O romance de Louisa May Alcott é um clássico que, em diferentes épocas, tem suscitado o interesse de cinema e televisão — a versão de 1933 tem assinatura do mestre George Cukor.
19 Fev 2021 15:17
A nova versão de "Mulherzinhas", assinada por Greta Gerwig em 2019, é a ilustração exemplar da vitalidade da relação tradicional do cinema com os grandes clássicos da literatura. De facto, o romance de Louisa May Alcott, publicado em 1868, tem sido objecto das mais variadas e sugestivas adaptações (e não só no cinema, também na televisão). Em qualquer caso, creio que podemos e devemos destacar a primeira versão sonora de "Mulherzinhas", datada de 1933, com Katharine Hepburn na personagem emblemática de Jo March.
Entre festas e rituais sociais, no seu mundo privado ou pressentindo as convulsões da Guerra Civil que estava a ser travada, as quatro irmãs March vivem as alegrias e tristezas da sua própria condição de mulheres — ou de “mulherzinhas”, como diz o título. Estamos, aliás, perante um exemplo modelar da arte de George Cukor, cineasta que, ao longo de uma carreira de 50 anos, saberia expor, com ternura e contundência, a complexidade do universo feminino. Na sua vasta filmografia, encontramos, por exemplo, "Casamento Escandaloso"(1940), também com Katharine Hepburn, "Meia Luz" (1944), com Ingrid Bergman, ou "Assim Nasce uma Estrela" (1954), com Judy Garland. Sem esquecer, neste caso, o fundamental contributo da partitura de Max Steiner.
A música de Steiner, notável compositor de Hollywood, nascido em Viena de Áustria, é um símbolo perfeito deste cinema de muitas nuances emocionais. E podemos dizer que a sua herança ecoa na banda sonora que, agora, em pleno século XXI, encontramos na versão dirigida por Greta Gerwig: a música de "Mulherzinhas", produção de 2019, rima com a música de "Mulherzinhas", produção de 1933 — a sua assinatura pertence ao brilhantíssimo compositor francês que se chama Alexandre Desplat.
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