26 Abr 2021 15:05
O filme de Thomas Vinterberg venceu a categoria de melhor filme internacional na cerimónia de entrega dos prémios da academia norte-americana, este domingo.
"Druk – Mais uma Rodada", filme sobre quatro amigos professores que decidem efetuar uma experiência durante um estado de permanente embriaguez, é como as personagens que retrata. Cambaleia na permanência entre a comédia, a gravidade e o desespero.
O realizador dinamarquês Thomas Vinterberg, de 51 anos, escreveu o guião – originalmente uma peça de teatro – partindo do pressuposto de que um grande número de feitos históricos havia sido realizado por pessoas que bebiam regularmente,a mesma substância que destrói milhares de vidas e famílias.
Quatro dias após o início das filmagens, a sua filha morre num acidente de carro. Apesar de tudo, conseguiu terminar a rodagem, num misto de humor, ternura e tragédia que lhe valeu o Oscar de melhor filme internacional.
"O filme foi sempre pensado como uma afirmação da vida, cheio de amor, cru até certo ponto…", disse Vinterberg à AFP. "Mas a tragédia que aconteceu na minha vida tornou tudo muito vulnerável e cru."
O diretor pôde contar com os seus amigos próximos que personificam os quatro professores bêbados, incluindo o ex-vilão de James Bond, Mads Mikkelsen, que passaram toda a parte de filmagem tentando "tudo o que podiam para me fazer rir nessas circunstâncias", lembra Vinterberg. "Havia muito amor no set e acho que isso transparece na tela." Mesmo que o filme seja inegavelmente centrado no álcool, também fala em "viver pela inspiração, esquecendo-se de si mesmo, vivendo o momento presente e tudo o que vem com ele", afirma.
Foi pensando na sua filha Ida, que interpretaria a filha de Mads Mikkelsen no filme, que Thomas Vinterberg teve essa inspiração. Os amigos dela aparecem em "Druk – Mais uma Rodada", numa cena onde os alunos participam num alegre concurso de bebidas à beira do lago.
“Há um número assustador de pessoas e de países que se envolveram nessa coisa do álcool”, ri o diretor. “Sim, eles bebem de forma diferente na Califórnia – colocam a garrafa em um saco (de papel) – enquanto na Dinamarca, os adolescentes correm nas ruas com as garrafas à vista”, diz ele. “Mas atrevo-me a esperar que tenhamos conseguido elevar o filme acima disso”.