17 Jul 2021 18:32
Chama-se, no original francês, "Haut et Fort", ou seja, "alto e forte"… Aliás, talvez fosse mais correcto dizermos "alto e bom som", já que tudo acontece numa escola de um centro cultural em que um professor de música, Anas (Anas Basbousi), tenta sensibilizar os alunos para a energia criativa e a força simbólica do rap e do hip hop.
Obviamente, nada disto é alheio ao contexto em que tudo acontece. Ou seja: Casablanca, Marrocos — o título internacional do filme é "Casablanca Beats". Ou ainda: um universo em que o desejo de criação, em particular nos mais jovens, se confronta com barreiras muito variadas, desde a resistência de algumas famílias até ao peso dos valores religiosos em todas as formas de organização do quotidiano.
Apresentado na competição de Cannes, o filme de Nabil Ayouch parte de memórias auto-biográficas, o que não será, por certo, estranho aos resultados tão vivos e enérgicos. Ainda que de forma algo esquemática, por vezes um pouco à deriva, o filme de Ayouch consegue conjugar as suas sugestões temáticas com uma sensação de reportagem — assistimos, em directo, ao desejo da música e à sua contaminação das palavras e dos corpos.