22 Ago 2021 21:42
O medo do regresso dos talibãs está a levar a um êxodo de pessoas ligadas à cultura. A realizadora afegã Sahraa Karimi foi uma das que conseguiu fugir. O receio de represálias e da violência sobre as mulheres que se atrevam a exercer alguma atividade profissional Sahraa Karimi levaram a cineasta a pedir ajuda. A produtora Wanda Adamík Hrycová respondeu ao apelo. A presidente da academia de cinema e televisão da Eslováquia, conseguiu colocar Karimi a bordo de um voo que partiu de Cabul graças à colaboração de diplomatas ucranianos e turcos.
Sahraa Karimi, realizadora e primeira mulher presidente da Organização Cinematográfica Afegã, emigrou para a Eslováquia aos 17 anos. Estudou em Bratislava e tornou-se a única mulher afegã a obter o doutoramento em cinema e produção cinematográfica. O seu filme de estreia, o documentário "Afghan Women Behind the Wheel", de 2009, ganhou mais de duas dezenas de prémios em festivais de cinema. Karimi regressara ao Afeganistão em 2012.
Em 2016 assinou "Parlika", outro documentário, retrato da deputada e ativista Suraya Parlika que se foca também nos crimes contra mulheres no Afeganistão. Apresentou "Hava, Maryam, Ayesha", a sua primeira longa-metragem de ficção, em 2019, onde contou as histórias de três mulheres de Cabul, de diferentes origens sociais
Karimi viajou até Kiev na companhia de outras 11 pessoas, incluindo o irmão, quatro sobrinhas e duas das suas assistentes na Organização Cinematográfica Afegã. Em declarações ao The Hollywood Reporter, a cineasta diz estar a trabalhar com o governo ucraniano para a retirada de outros 36 cineastas afegãos e respetivas familias.
"Os Talibãs são anti-arte, anti-cinema e anti-mulher", afirma Karimi. "Ideologicamente vivem na Idade da Pedra", acrescenta. A realizadora diz temer um "genocídio" na comunidade artística afegã.