Wes Anderson — rodagem de

31 Dez 2021 19:29

Americano, nascido em Houston, no Texas, em 1969, Wes Anderson será tudo o que se quiser menos um cineasta típico de Hollywood — apetece mesmo dizer que, na geração dos americanos que começaram a filmar em finais do século XX, ele é o mais europeu. "Crónicas de França", o filme com que competiu em Cannes/2021 é esclarecedor. Com um pormenor nada secundário: este é um dos seus filmes com música original assinada por esse brilhantíssimo compositor francês que é Alexandre Desplat — lembremos um pouco da sua partitura para "Grand Budapest Hotel" (2014).


"Grand Budapest Hotel" valeu a Alexandre Desplat o primeiro dos seus dois Oscars — voltaria a ganhar, três anos mais tarde, com "A Forma da Água", de Guillermo del Toro. O filme pode mesmo servir de modelo exemplar das aventuras cinematográficas de Wes Anderson: trata-se de integrar referências geográficas e culturais muito precisas para, a partir daí, construir mundos alternativos em que tudo é possível — incluindo o jazz.


Este é “Night and Day”, tema lendário de Cole Porter, transfigurado no piano de Art Tatum. Mais ainda: “Night and Day” integra uma das experiências de Wes Anderson com o cinema de figurinhas animadas. Ou seja: “O Fantástico Senhor Raposo”, uma produção de 2009. Em 2018, ele voltaria ao mesmo registo com "Ilha dos Cães", uma epopeia sobre a marginalização dos cães — tudo em clima apocalíptico, tudo em tom japonês.


Wes Anderson filmou também, por exemplo, uma aventura submarina, à maneira de Júlio Verne, em "Um Peixe Fora de Água" (2004); ou ainda, em "The Darjeeling Limited" (2007), um melodrama de espírito indiano. Em "Moonrise Kingdom" (2012), a dimensão juvenil do seu imaginário celebrava-se através da saga amorosa de dois adolescentes. E, uma vez mais, estavam presentes as referências francesas com “Le Temps de l’Amour”, pela mais simbólica das vozes: Françoise Hardy.

  • cinemaxeditor
  • 31 Dez 2021 19:29

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