14 Abr 2022 18:31
"A Mulher de Tchaikovsky" do realizador russo Kirill Serebrennikov, estará em competição em Cannes no próximo mês de maio, anunciou quinta-feira o delegado geral do festival, Thierry Frémaux.
Cannes tinha anunciado no início de março que não acolheria delegações russas, nem permitiria "a presença de qualquer organismo relacionado com o governo" enquanto a invasão russa da Ucrânia continuasse. Esta medida não se aplica a artistas que tenham quebrado laços com o regime.
Conhecido pelas criações ousadas, pelo apoio à causa LGBT+ e pelas críticas indirectas ao regime de Putin, Serebrennikov, de 52 anos, que recentemente trocou Moscovo por Berlim, estará em competição em Cannes pela terceira vez. Nas duas ocasiões anteriores não pôde estar presente, nem por "Leto" (2018), nem por "Petrov’s Flu" (2021), devido a problemas com a justiça russa, na sequência de um caso de desvio de fundos pelo qual foi condenado em 2020. A 1 de Abril, confirmou à AFP que deixou a Rússia legalmente e estava a residir em Berlim, após uma remissão da sentença que os seus apoiantes consideram ter influências políticas.
O festival seleccionou ainda duas obras de realizadores ucrânianos, fora de competição.
O novo filme do consagrado Serguei Loznitsa intitula-se "A História Natural da Destruição" e será apresentado numa sessão especial. Regularmente convidado para Cannes, com filmes como "Maïdan", sobre a revolução ucraniana, ou "Donbass", o realizador de 57 anos de idade esteve no ano passado na Croisette para apresentar "Babi Yar", sobre o massacre de mais de 30 mil judeus em 1941, a oeste de Kiev.
Na categoria Un Certain Regard, o jovem Maksim Nakonechnyi apresenta "Bachennya Metelyka" ("Butterfly Vision"). Segundo Frémaux, o filme gira em torno de um jovem professor "que entrou na guerra, foi raptado" e "regressa ao país na sequência de uma troca de prisioneiros".