27 Mai 2022 18:17
Os dois últimos filmes em competição no Festival de Cannes foram exibidos esta sexta-feira à tarde perante o júri presidido por Vincent Lindon que irá atribuir a prestigiosa Palma de Ouro no sábado à noite.
A americana Kelly Reichardt apresentou "Showing Up", um fresco íntimo sobre a vida quotidiana de uma artista visual, interpretada por Michelle Williams, que gostaria de se dedicar totalmente à sua exposição de escultura, mas é distraída por problemas familiares.
Partilhou o palco com um recém-chegado à competição, a francesa Léonor Serraille, que conta a história de uma família de imigrantes de final dos anos 80 até aos dias de hoje, nos subúrbios de Paris, em "Un petit frère".
A realizadora encantou o Festival em 2017 com "Jeune Femme", vencedor da Caméra d’or, prémio que distingue primeiras obras. lme.
Irá um destes filmes suceder à Palma de Ouro choque e repleta de energia punk de Julia Ducournau? De momento, o jogo parece bastante aberto.
As críticas de alguma imprensa internacional, compiladas pela revista Screen, dão como favorito o coreano Park Chan-wook. O seu thriller "Decisão de Partir" é visto como uma lição de cinema, com uma realização virtuosa que alguns gostam de comparar a "Instinto Fatal", mas sem as cenas de sexo. O policial sobre um inspector que se apaixona pela suspeita de um crime é, no entanto, servido por uma trama muito complexa e carregado às costas pela actuação dos protagonistas: Park Hae-il e Tang Wei.
Escolhas difíceis
Se o esperado "Crimes do Futuro" de David Cronenberg não agradou a todos, outro grande nome, James Gray, encantou os críticos com "Armageddon Time". Pela quinta vez em competição, o autor de "Ad Astra" apresenta uma comovente – e em grande parte autobiográfica – crónica da infância de um rapaz em Nova Iorque nos anos 80 e a descoberta da sua vocação artística.
O objeto estranho da competição "EO", um filme sobre um burro de Jerzy Skolimowski, de 84 anos, e a mais recente obra de realismo social dos irmãos Dardenne, "Tori e Lokita", são também fortes candidatos à Palma, de acordo com a Screen.
Se os belgas ganharem será um acontecimento, pois seriam os primeiros cineastas a ter três Palmes d’Or, depois de "Rosetta" (1999) e "L’enfant" (2005).
Dois jovens realizadores também têm uma oportunidade: o belga Lukas Dhont, 31 anos, e o seu tocante "Close", retrato de uma amizade pré-adolescente estilhaçada no altar da masculinidade. Exibido na quinta-feira, já é um dos favoritos de muitos festivaleiros.
Outro jovem prodígio que viu o seu filme muito apreciado é o iraniano de 32 anos Saeed Roustaee. "Os Irmãos de Leila" sobre uma família despedaçada expõe as falhas de uma sociedade enredada na propriedade, na religião e nas aparências.
Ao todo, foram 21 os filmes exibidos na competição à Palma de Ouro. O ano passado, Julia Ducournau foi apenas a segunda mulher a ser coroada na história de Cannes. Este ano, estão cinco mulheres na corrida.
Depois de ver os derradeiros filmes, o júri retirar-se-á para deliberar. Sábado, serão anunciados os vencedores. Ao lado de Vincent Lindon, estão a actriz e realizadora anglo-americana Rebecca Hall ("Vicky Cristina Barcelona"), a sueca Noomi Rapace, ("Millenium") e os realizadores Asghar Farhadi (Grand Prix 2021 com "Um Herói"), Ladj Ly ("Os Miseráveis", Prémio do Júri 2019) e Joachim Trier ("A Pior Pessoa do Mundo").