27 Ago 2022 18:40
Uma nova geração de estrelas, uma biografia de Marilyn e uma competição marcada pela forte presença da Netflix: o 79.º Festival de Veneza começa na próxima quarta-feira. Timothée Chalamet, 26 anos, que iluminou o tapete vermelho no ano passado com "Dune", celebra o reencontro com o realizador Luca Guadagnino, em "Bones and All", apresentado como um "romance canibal". O fenómeno da pop britânica Harry Styles, de 28 anos surge em "Don’t Worry Darling", um filme fora de competição realizado pela namorada, Olivia Wilde. E a estrela do ano poderia ser Sadie Sink, 20 anos, que contracena com Brendan Fraser em "A Baleia", de Darren Aronofsky.
Vinte e três filmes estão na corrida ao Leão de Ouro. O vencedor será conhecido a 10 de setembro num festival que, mais do que nunca, é uma plataforma de lançamento para Hollywood, presente em força antes do início da época dos Óscares. Entre os mais aguardados, está a versão ficcionada da vida de Marilyn Monroe, "Blonde", baseada no romance de Joyce Carol Oates, e protagonizada pela antiga Bond girl, Ana de Armas. O filme, em produção há uma década, será exibido pouco depois do 60.º aniversário da morte da atriz
É uma das quatro produções Netflix em competição este ano. Veneza tornou-se um local de eleição para a plataforma, impedida de entrar na corrida aos troféus de Cannes porque os seus filmes não são lançados na salas de cinema em França. A plataforma de streaming apresentará também o filme de abertura, "White Noise", do nova-iorquino Noah Baumbach. O director de "Frances Ha" e "Marriage Story", por vezes descrito como o novo Woody Allen, adapta o romance de Don DeLillo com a sua parceira Greta Gerwig e Adam Driver.
Outros cineastas bem conhecidos que integram a competição incluem o vencedor de Óscar Alejandro Gonzalez Inarritu ("The Revenant", "Birdman"), com um filme que o faz regressar às suas raízes no México, Joanna Hogg ("The Souvenir") e Martin McDonagh ("Three Billboard").
Embora o júri, presidido pela actriz americana Julianne Moore, esteja quase igualmente dividido, o concurso continua desequilibrado, com apenas oito realizadoras, um ano após a francesa Audrey Diwan ter ganho o prémio para "O Acontecimento", sobre o aborto.
Do lado dos consagrados, Penelope Cruz, Cate Blanchett, como maestrina de orquestra em "Tar", Catherine Deneuve, que vai receber um Leão de Ouro honorário, Colin Farell e Willem Dafoe estarão presentes no Lido.
A par do glamour, o festival internacional de cinema fundado há 90 anos, não esqueceu a política e as questões de liberdade criativa: o seu diretor, Alberto Barbera, fez questão de seleccionar Jafar Panahi entre os dois iranianos em competição. Ganhou o Leão de Ouro por "The Circle" em 2000 e foi recentemente preso por "propaganda contra o regime".
Um documentário ucraniano também deverá ser exibido fora de competição, enquanto o escândalo dos opiáceos nos EUA será o foco de um documentário de choque.
A França tem cinco filmes em competição, incluindo "Les enfants des autres" de Rebecca Zlotowski com Virginie Efira, "Les miens", um retrato de família de Roschdy Zem, e "Athena", um drama de Romain Gavras, escrito e produzido por Ladj Ly, sobre uma revolta nos subúrbios.
Depois de "O Pai", que ganhou dois Óscares, o dramaturgo e realizador francês Florian Zeller prossegue o seu sonho anglo-saxónico com Hugh Jackman, Laura Dern e, mais uma vez, Anthony Hopkins em "O Filho", adaptado da sua peça sobre as relações pai-filho.
Quanto aos portugueses, terão Ana Rocha de Sousa no júri de primeiras obras e estreias dos novos filmes de Cláudia Varejão ("Lobo e Cão", na secção paralela "Giornate degli Autori", da crítica italiana), e Sérgio Tréfaut ("A Noiva" na secção Orizzonti).