19 Nov 2022 21:48
Estamos a dois meses do anúncio das nomeações para a 95.ª edição dos Óscares e, ainda sem as tendências marcadas por outros prémios, lançamos uma primeira previsão de títulos capazes de chegar à cerimónia final.
Os finalistas serão anunciados a 24 de janeiro. Depois, a 12 de março, será a entrega das estatuetas, um ano após o estalo de Will Smith a Chris Rock, com o regresso de Jimmy Kimmel à apresentação do espectáculo e o desafio cada vez mais complexo de atrair audiências televisivas e manter a cerimónia relevante.


Bardo – Alejandro Iñarritu (17 novembro em Portugal)


É, de longe, a melhor hipótese de a Netflix chegar aos Óscares este ano. A viagem de um jornalista que vive em Los Angeles e regressa ao México natal tem muito de autobiográfico para Iñarritu que já triunfou com "Birdman" e "Renascido", dois filmes que fizeram a dobradinha nas categorias de melhor filme e melhor realizador. No entanto, será difícil que os reis do streaming consigam repetir o brilharete do ano passado com "O Poder do Cão".

Provável candidato: Melhor filme, realização, argumento.

Os Fabelmans – Steven Spielberg (22 de dezembro em Portugal)

Livremente inspirado na infância e adolescência de Steven Spielberg no Arizona do pós-guerra, é uma história de amor ao cinema e à cinefilia que tocará fundo na alma coletiva da academia norte-americana. 
 Livremente inspirado na infância e adolescência de Steven Spielberg no Arizona do pós-guerra, é uma história de amor ao cinema e à cinefilia que tocará fundo na alma coletiva da academia norte-americana.

Spielberg ganhou melhor filme e realização em 1994 (Lista de Schindler), e melhor realização em 1999 (O Resgate do Soldado Ryan).

Provável candidato: Melhor filme, realização, secundários (Paul Dano, Michelle Williams)


Os Espíritos de Inisherin – Martin McDonagh (2 de fevereiro em Portugal)


História irlandesa, passada numa ilha onde a amizade de longa data entre dois amigos chega ao fim, recupera o duo de "Em Bruges", Colin Farrell e Brendan Gleeson.

Nova hipótese nos Óscares para McDonagh após ter falhado a nomeação para melhor realizador no ano de "Três Cartazes à Beira da Estrada", que deu vitórias a Frances McDormand (atriz) e Sam Rockwell (secundário).

Provável candidato: melhor filme, realização, atores (Colin Farrell, Brendan Gleeson).

Tár – Todd Field (9 de fevereiro em Portugal)




Centrado nos conflitos em redor da personagem de uma maestrina, a primeira mulher a dirigir uma grande orquestra alemã é, ao mesmo tempo controverso e estimulante por colocar uma mulher num papel manipulador e abusivo.

Nomeado como realizador em 2001 por "Vidas Privadas", Todd Field tem este ano uma oportunidade de conquistar o Oscar.

Estreia mundial na competição de Veneza. deu a Cate Blanchett o prémio de melhor atriz no festival italiano. Terá lugar quase garantido entre as finalistas dos Óscares.

Provável candidato: melhor filme, realização, atrizes (Blanchett e Noémie Merlant nas secundárias).



A Voz Das Mulheres / Women Talking – Sarah Polley (primeiro trimestre 2023)

História passada numa comunidade religiosa menonita que vive isolada na Bolívia, coloca um grupo de mulheres perante a necessidade de reconciliar a fé com as agressões sexuais cometidas pelos homens da colónia.

Será um dos últimos filmes a entrar na corrida. Pode representar o grande salto na carreira da antiga atriz convertida em cineasta e responde na perfeição à necessidade de integrar mais filmes de mulheres entre os nomeados.

Provável candidato: melhor filme, realização, argumento, atrizes (Rooney Mara e Claire Foy, alguns secundários).


Outras opções: o trunfo social

Os temas do topo da atualidadade nos Estados Unidos, género, tom de pele, assédio, saúde mental, vão estar presentes na mente dos mais de dez mil membros da academia de artes e ciências cinematográficas, um grupo que tem tentado diversificar-se cada vez mais de forma a afastar críticas por ser predominantemente composto por velhos, brancos e homens.

"Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo", de Daniel Scheinert e Daniel Kwan, tem como desvantagem o facto de ter estreado em abril. Além do valor do filme, Michelle Yeoh e Daniel Kwan respondem à necessidade de aumentar a representatividade das minorias e podem garantir um lugar na corrida.

O mesmo se passa com "A Mulher Rei", realizado por uma mulher, Gina Prince-Bythewood, que traz uma história de heroínas africanas.

"A Baleia", de Darren Aronofsky, arrasta consigo dois temas na ordem do dia, a obesidade e a saúde mental, ao mesmo tempo que permite o regresso de Brendan Fraser, amplamente aplaudido quando da passagem do filme pela Europa.

Por fim, "Ela Disse", também realizado por uma mulher, Maria Schrader, dramatiza a investigação jornalística do The New York Times que viria a dar voz às vítimas de assédio sexual e estaria na origem do movimento #MeToo.
Outras opções: os filmes populares

As queixas em alguma imprensa especializada norte-americana repetem-se quase todos os anos. Crítica-se o facto de os filmes premiados nos Óscares serem demasiado elitistas e que isso se reflete na relevância da cerimónia e no número de espectadores que assistem pela televisão.

Produtores e administradores da academia rezam para que a cerimónia não seja apenas marcada por pequenas produções independentes ou, pior ainda, por filmes estrangeiros, como sucedeu no ano em que triunfou "Parasitas".

Este ano, as esperanças de que o cinema comercial tenha uma presença significativa nos próximos Óscares são essencialmente quatro. "Top Gun: Maverick", da Paramount, o maior sucesso de bilheteira do ano que trouxe de volta a esperança na exibição em sala; "Black Panther: Wakanda Para Sempre", da Disney, "Elvis", o filme de Baz Luhrmann produzido pela Warner que falhou nas bilheteiras, mas poderá trazer algum sabor puramente americano e mais reconhecível; e, claro, o regresso de "Avatar" com "O Caminho da Água".
Provavelmente, nenhum destes quatro filmes chegará às categorias principais, mas espera-se que algum deles lidere a lista de nomeações graças às áreas técnicas.
  • cinemaxeditor
  • 19 Nov 2022 21:48

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