15 Mai 2023 20:11
“Não sei qual é a imagem de Johnny Depp nos Estados Unidos”, disse Thierry Frémaux, director-geral do Festival de Cannes, na segunda-feira, respondendo a perguntas sobre a presença do actor acusado de violência doméstica no filme de abertura, “Jeanne du Barry”. E acrescentou: “tenho apenas uma conduta na vida: a liberdade de pensar, de falar, de actuar dentro da lei”.
No filme, a realizadora francesa Maïwenn apresenta-se como a favorita do rei Luíx XV, interpretado por Depp, mal visto nos meios cinematográficos norte-americanos desde as acusações de violência doméstica e, depois, as acusações mútuas de difamação que envolveram a sua ex-mulher, Amber Heard.
Frémaux diz estar longe desse circo mediático: “Sou a última pessoa a poder falar sobre o assunto porque, se alguém no mundo não se interessou por este processo público, essa pessoa sou eu. Não sei do que se trata, interessa-me o Depp como actor”.
A 76ª edição do Festival de Cannes será inaugurada num clima social ainda tenso em França, mas Frémaux garante que manteve “um bom diálogo com a CGT”, o sindicato que prometeu acções e chegou a ameaçar com cortes de energia.
“No que diz respeito às coisas anunciadas na imprensa sobre possíveis cortes de energia ou agitação social (…), estamos a falar de um bom diálogo com a CGT. Para já, nada foi anunciado, no que nos diz respeito. Veremos”, acrescentou, lembrando que a Primeira-Ministra Elisabeth Borne vai receber os sindicatos na terça e quarta-feira.
Apesar de um decreto da prefeitura proibir qualquer manifestação em Cannes, dentro de um perímetro restrito à volta da Croisette durante o Festival (de 16 a 27 de Maio), a CGT anunciou várias acções no sábado, no âmbito da sua oposição à reforma das pensões.
Assim, na sexta-feira, das 13h00 às 15h00, o sindicato prevê reunir os assalariados do sector hoteleiro para um comício na praça Carlton, um local privado e excluído da proibição imposta pela prefeitura.
O Festival de Cannes é um local que “está protegido durante 15 dias e, ao mesmo tempo, é sempre objecto de um certo número de reivindicações, porque as faz ecoar mais fortemente”, sublinhou Frémaux.