21 Mai 2023 13:15
Um grande evento na passadeira vermelha do Festival de Cannes reuniu, na noite de sábado, o realizador Martin Scorsese e dois dos seus atores preferidos, Leonardo DiCaprio e Robert De Niro. Aos 80 anos, o vencedor da Palma de Ouro em 1976 com "Taxi Driver" e presidente do júri em 1998, considerado um dos maiores nomes do cinema mundial, apresentou a sua mais recente obra, "Killers of the Flower Moon".
Inspirado em factos ocorridos no território da Nação Osage, no estado do Oklahoma, durante os anos de 1920, o filme relata a tragédia ocorrida após a descoberta de petróleo, com os seus habitantes a tornarem-se subitamente vítimas de uma série de assassinatos e desaparecimentos.
DiCaprio interpreta Ernest Burkhart, um homem apaixonado por uma nativo-americana (a actriz Lily Gladstone), que se vê envolvido na conspiração do magnata do gado William Hale, interpretado por um Robert De Niro sedento de ouro negro. Jesse Plemons encarna um agente do recém-criado FBI, destacado para investigar os homicídios.
O filme recebeu uma ovação de nove minutos após a estreia, com Gladstone em lágrimas enquanto os aplausos se prolongavam.
Alguns críticos criticaram as três horas e meia de duração do filme, mas, de um modo geral, "Killers of the Flower Moon" foi bem recebido, com o Irish Times a reflectir o consenso geral: "O novo épico de Scorsese é longo e abrangente, mas o grande homem ainda tem o seu talento."
Uma história de ganância e colonialismo
O realizador queria mostrar como alguns americanos "eram capazes de justificar a violência – mesmo contra aqueles que amavam – dizendo simplesmente: ‘Isto é a civilização. Um grupo entra e outro sai", disse Scorsese antes do festival.
O filme trata de "uma parte esquecida do nosso passado", explicou Leonardo DiCaprio, inicialmente escolhido para interpretar o detective do FBI, mas que optou por um papel mais complexo que o levou a passar algum tempo com a Nação Osage.
A rodagem decorreu nos lugares onde efectivamente vive aquele povo autóctone. "Tratava-se de mergulhar nesse mundo", insistiu o realizador nova-iorquino, apesar do calor e dos coiotes que vagueavam pelas pradarias do Oklahoma.
Scorsese esteve em contacto com os Osage durante todo o filme, com mais de 40 papéis desempenhados por actores daquela nação. Sempre que não foi possível preencher o papel com um actor Osage, a escolha recaiu sempre num actor nativo americano, informa um comunicado de imprensa.
"Filmar naquele lugar (no Oklahoma), onde há muitas ervas – eu sou de Nova Iorque. Surpreendeu-me muito, havia cavalos selvagens e outras coisas", afirmou Scorsese após a estreia. "E vivemos com os Osage. Temos muitas saudades disso, agora", acrescentou o realizador.
Com um custo anunciado de 200 milhões de dólares "Killers of the Flower Moon" tem as cores de uma grande empresa de tecnologia, a Apple. Mas a empresa aceitou estreá-lo nas salas de cinema, o que abriu as portas do Festival de Cannes, defensor do grande ecrã que, até ao último momento, sonhou em inscrever este filme de Scorsese na corrida à Palma de Ouro. Os produtores, no entanto, preferiram mantê-lo fora da competição.
A estreia nas salas de cinema portuguesas está prevista para 19 de outubro.