22 Jun 2023
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos anunciou alterações significativas às regras de qualificação para os Óscares. Vão apertar os critérios de distribuição no país e será obrigatória maior presença nas salas de cinema, o que terá impacto nas produções das plataformas de ‘streaming’ e nos filmes estrangeiros.
Efetiva a partir do próximo ano a mudança afetará os filmes estreados em 2024.
De acordo com as novas regras, a qualificação para a categoria de melhor filme na 97.ª edição dos Óscares, que decorrerá em 2025, passa a depender do lançamento em pelo menos oito dos 50 maiores mercados regionais norte-americanos, além do território de origem e de um dos 15 maiores mercados cinematográficos internacionais.
Os filmes também terão de estar em exibição no cinema durante mais de uma semana, que é o critério mínimo atual.
A título de exemplo, um filme português teria de estrear em Portugal e em nove regiões dos Estados Unidos para ser considerado, ou em oito mercados norte-americanos e mais um dos 15 maiores mercados internacionais.
Em teoria, poderia também ser lançado apenas nos 10 maiores mercados norte-americanos, embora tal seja sempre pouco provável.
O certo é que as alterações afetam todos os filmes, internacionais ou norte-americanos: todos passam a ser obrigados a ter maior distribuição nas salas de cinema.
Agora, um filme terá não só de completar uma semana no cinema em pelo menos uma de seis cidades definidas pela Academia — Los Angeles, Nova Iorque, São Francisco, Chicago, Miami ou Atlanta, mas também expandir a sua presença nos 45 dias a seguir.
Após essa primeira semana, o filme terá de ser mostrado durante mais sete dias em pelo menos 10 grandes mercados norte-americanos ou oito dos maiores nos Estados Unidos e dois internacionais.
A maioria dos grandes estúdios não deverá ter problemas em cumprir os critérios, que vão ter impacto sobretudo nas cadeias de ‘streaming’ que menos apostam na distribuição em sala como é o caso da Netflix, e em pequenos filmes independentes e de distribuidores internacionais.
O presidente da academia norte-americana, Bill Kramer, e a presidente Janet Yang disseram, em comunicado, que a revisão dos critérios servirá para reforçar a presença dos filmes nas salas de cinema, numa altura em que há cada vez mais candidatos à nomeação oriundos de cadeias de ‘streaming’, que fazem investimentos limitados em distribuição fora da televisão.
Em 2022, “CODA”, da Apple TV+, venceu o Óscar de Melhor Filme com distribuição praticamente nula nos cinemas. Em 2023, o filme alemão da Netflix “A Oeste Nada de Novo” foi nomeado para vários Óscares, incluindo Melhor Filme, e venceu quatro estatuetas.
“Para apoiar a nossa missão de celebrar e honrar as artes e ciências dos filmes, esperamos que esta expansão da presença nos cinemas aumente a visibilidade dos filmes em todo o mundo e encoraje as audiências a experimentar a nossa arte no ambiente da sala de cinema”, lê-se no comunicado.
“Com base em muitas conversas com parceiros da indústria, sentimos que esta evolução beneficia tanto os artistas como os fãs dos filmes”.
Estes critérios de distribuição não vão afetar as outras categorias dos Óscares, mas serão imprescindíveis para a candidatura à nomeação para Melhor Filme.