26 Jul 2023
Kevin Spacey foi declarado inocente no julgamento que durou um mês e onde enfrentou acusações de ter agredido sexualmente quatro homens.
O ator americano recebeu com alívio o veredito a seu favor no final do julgamento, esta quarta-feira.
Depois de deliberarem durante 12 horas e 26 minutos, os jurados do Tribunal da Coroa de Southwark, em Londres, consideraram a estrela, que faz hoje 64 anos, inocente das nove acusações de que era alvo.
“Estou imensamente grato ao júri por ter tido tempo para considerar cuidadosamente todas as provas e factos antes de tomar a sua decisão e aceito o veredito de hoje com humildade”, disse pouco depois à multidão de jornalistas que o aguardavam no exterior do tribunal.
Logo a seguir entrou num táxi enquanto um fã gritava “Adoramos-te Kevin!” e outro lhe perguntava se ia voltar a aparecer na série “House of Cards”.
Alguns minutos antes, quando o veredito foi pronunciado, o ator, que se tinha declarado inocente, limpara algumas lágrimas com um lenço entregue pelo guarda que estava ao seu lado na caixa de vidro dos réus.
Virando-se para os jurados, levou a mão ao peito e disse “obrigado”, antes de abraçar os seus advogados.
Desde a abertura do julgamento, no final de junho, Kevin Spacey tem sido retratado pela acusação como um agressor sexual que usou a sua influência para agredir jovens.
O ator, que ganhou dois Óscares pelos papéis em “Beleza Americana” e “Os Suspeitos do Costume”, falou de relações consensuais, negou qualquer comportamento “agressivo” e afirmou que alguns dos queixosos tinham simplesmente inventado certos actos que lhe eram atribuídos.
Ilibado de todas as acusações
Quatro homens acusaram Spacey de agressões sexuais entre 2001 e 2013, nomeadamente a partir de 2004, quando era diretor do teatro Old Vic, em Londres.
A acusação mais grave veio de um homem que o acusou de o ter “drogado” e de se envolver em actividades sexuais com ele enquanto dormia.
No entanto, os jurados rejeitaram as nove acusações, incluindo sete de agressão sexual, uma de induzir uma pessoa a ter relações sexuais sem consentimento e outra de levar uma pessoa a ter relações sexuais com penetração não consentida.
As acusações surgiram em 2017, no início do movimento #MeToo, numa altura em que Kevin Spacey estava no auge da fama como protagonista da série de sucesso da Netflix “House of Cards”.
Na sequência, foi afastado da série e de outros projectos em que iria participar, desaparecendo completamente dos ecrãs.
Durante o interrogatório da polícia, que foi transmitido durante o julgamento, os quatro homens disseram que não tinham ousado falar antes por medo de que não acreditassem neles face a uma figura conhecida e influente.
Perante o júri, o ator descreveu-se a si próprio como um “grande namoradeiro”, mas negou qualquer comportamento “violento”, “agressivo” ou “doloroso”, afirmando que o caso da acusação era “fraco”.
Disse ter ficado “destroçado” com as acusações e falou, visivelmente emocionado, da sua “reputação perdida”, tendo recebido o apoio do cantor Elton John, que testemunhou a seu favor a partir do Mónaco.
Também acusado de agressão sexual nos Estados Unidos, Kevin Spacey foi considerado inocente por um tribunal civil de Nova Iorque no ano passado. Em 2019, as acusações foram retiradas num outro caso.
“Sei que há pessoas prontas a contratar-me assim que for ilibado das acusações em Londres”, tinha garantido em meados de junho numa entrevista ao meio de comunicação social alemão Zeit, antes do julgamento no Reino Unido.