11 Mar 2024

“Oppenheimer” conquistou o Óscar de Melhor Filme e somou sete vitórias em 13 nomeações na 96.ª edição dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos.

O filme de Christopher Nolan, que também ganhou o Óscar de Melhor Realização, venceu ainda as categorias de Melhor Ator (Cillian Murphy), Melhor Ator Secundário (Robert Downey Jr.), Melhor Banda Sonora Original, Melhor Fotografia e Melhor Montagem.

Os Óscares foram entregues domingo à noite no Dolby Theatre, em Los Angeles, numa cerimónia conduzida pelo apresentador de televisão Jimmy Kimmel.

“Pobres criaturas”, do realizador grego Yorgos Lanthimos, que somava 11 nomeações, conseguiu quatro: Melhor Atriz (Emma Stone), Melhor Caracterização, Melhor Guarda-Roupa e Melhor Design de Produção.

O filme de Martin Scorsese, “Assassinos da lua das flores”, que partiu com 10 nomeações, entre as quais as de Melhor Filme e Melhor Realização, não obteve qualquer Óscar, à semelhança de “Maestro”, de Bradley Cooper, uma biografia do compositor e regente Leonard Bernstein, que foi candidato a Melhor Filme.

“Barbie”, de Greta Gerwig, obteve apenas uma estatueta entre oito nomeações, para a canção de Billie Eilish e Finneas O’Connell “What was I made for?”. Este foi o segundo Óscar conquistado pela dupla de irmãos, depois de há dois anos terem vencido na mesma categoria com a canção tema do filme “007: Sem tempo para morrer” (“No time to die”).

O cineasta Wes Anderson, ausente da cerimónia, que soma cerca de uma dezena de nomeações para os Óscares, de Melhor Filme a Melhor Argumento e Melhor Realização, com filmes “Os Tenenbaums” e “Moonrise Kingdom”, obteve o primeiro óscar da sua carreira com a curta-metragem “A incrível história de Henry Sugar”.

O Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação foi para “O rapaz e a garça”, de Hayao Miyazaki, também ausente da cerimónia, no dia em que anunciou uma pausa no seu percurso de realizador.

Entre os nomeados nesta categoria estava o português Joaquim dos Santos, que correalizou “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”, com Kemp Powers e Justin K. Thompson, distinguido nos prémios Annie.

A produção francesa “Anatomia de uma queda”, dirigido e coescrito por Justine Triet, recebeu o prémio para o Melhor Argumento Original, enquanto o Óscar de Melhor Som foi para a produção independente britânica “A zona de interesse”, de Jonathan Glazer, que também conquistou o Óscar de Melhor Filme Internacional.

Este filme tem no som o seu elemento mais dramático, ao tornar evidente os crimes cometidos no campo de extermínio nazi, por oposição à banalidade da vida quotidiana da família de Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz durante a II Guerra Mundial, que domina a imagem.

Ao receber o Óscar, Jonathan Glazer alertou para os riscos da desumanização, num discurso em que lembrou as vítimas do ataque do Hamas, ocorrido em território israelita em 7 de outubro passado, e também as vítimas da retaliação de Israel sobre a Faixa de Gaza e a situação extrema em que se encontra a população palestiniana, sem hipótese de saída desse enclave.

O realizador dedicou o Óscar a Alexandria, que fez parte da resistência polaca à ocupação nazi e que é retratada no filme como a personagem que tenta contrariar as barbaridades que acontecem no campo de concentração.

O Óscar de Melhor Documentário atribuído a “20 days in Mariupol”, do jornalista e realizador Mstyslav Chernov, é o primeiro dado a um cineasta da Ucrânia, e também a uma agência de notícias, no caso a Associated Press, que soma 178 anos de história.

O filme documenta o cerco da cidade ucraniana de Mariupol pelas forças russas, em 2022, fixando-se na capacidade de resistência da população e dos soldados ucranianos. Chernov disse que seria certamente o único realizador a preferir não receber o Óscar, tendo em conta o filme que dirigiu, assim como preferia que a Rússia nunca tivesse invadido a Ucrânia e ocupado as suas cidades, nem feito reféns civis e militares.

“Não posso alterar a História nem o passado”, afirmou Chernov. “Todos juntos, porém, podemos fazer com que a História tome o rumo devido e que a verdade perdure.”

O segmento In Memoriam dos prémios da Academia, que evocou personalidades como os atores Alan Arkin, Glenda Jackson e Richard Roundtree, o realizador William Friedkin, a cantora Tina Turner e o compositor Ryuichi Sakamoto, abriu com uma sequência do documentário “Navalny”, vencedor do Óscar no ano passado.

O líder da oposição russa, que morreu em fevereiro numa prisão de Vladimir Putin, surgiu assim em grande plano no ecrã para dizer: “A única coisa necessária para o triunfo do mal é que as pessoas de bem não façam nada.”

Vencedores da 96.ª edição dos Óscares

Melhor filme: “Oppenheimer”

Melhor ator: Cillian Murphy em “Oppenheimer”

Melhor ator secundário: Robert Downey Jr. em “Oppenheimer”

Melhor atriz: Emma Stone em “Pobres Criaturas”

Melhor atriz secundária: Da’Vine Joy Randolph em “Os Excluídos”

Melhor realização: “Oppenheimer”, Christopher Nolan

Melhor filme internacional: “A Zona de Interesse”, Jonathan Glazer (Reino Unido)

Melhor filme de animação: “O Rapaz e a Garça”, Hayao Miyazaki

Melhor documentário: “20 Days in Mariupol”, Mstyslav Chernov

Melhor curta-metragem animada: “WAR IS OVER! Inspired by the Music of John & Yoko”, Dave Mullins

Melhor curta-metragem: “The Wonderful Story of Henry Sugar”, Wes Anderson

Melhor documentário (curta-metragem): “The Last Repair Shop”, Ben Proudfoot e Kris Bowers

Melhor argumento adaptado: “American Fiction”, por Cord Jefferson

Melhor argumento original: “Anatomia de Uma Queda”, por Justine Triet e Arthur Harari

Melhor direção de fotografia: “Oppenheimer”, Hoyte van Hoytema

Melhor montagem: “Oppenheimer”, Jennifer Lame

Melhor som: “A Zona de Interesse”, Tarn Willers e Johnnie Burn

Melhor banda sonora original: “Oppenheimer”, Ludwig Göransson

Melhor canção original: “What Was I Made For?” de “Barbie” – música e letra por Billie Eilish e Finneas O’Connell

Melhor cenografia: “Pobres Criaturas”

Melhores efeitos visuais: “Godzilla Minus One”

Melhor guarda-roupa: “Pobres Criaturas”

Melhor caracterização: “Pobres Criaturas”

  • CINEMAX - RTP c/ LUSA
  • 11 Mar 2024 08:36

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