17 Ago 2024
A realizadora Denise Fernandes conquistou, com “Hanami”, filmado na Ilha do Fogo, em Cabo Verde, o prémio revelação na 77.ª edição do Festival de Cinema de Locarno, na Suíça.
Denise Fernandes, que já tinha apresentado em Locarno a curta-metragem “Nha Mila” (2020), é uma realizadora portuguesa de origem cabo-verdiana, formada na Suíça.
O seu nome consta por duas vezes na lista de premiados, com o Prémio de Melhor Realizador Revelação e nas Menções Especiais.
“Hanami”, exibido na secção “Cineastas do Presente”, fala das etapas e dores do crescimento de uma menina, desde que está na barriga da mãe até à adolescência. Centra-se na história de uma família de “uma ilha vulcânica remota”, de onde toda a gente quer partir, mas onde uma criança, “a pequena Nana, aprende a ficar”.
Este ano, na competição internacional de Locarno esteve também “Fogo do Vento”, primeira longa-metragem de Marta Mateus, enquanto Carlos Pereira, que trabalha na Alemanha, foi selecionado para a competição internacional da secção “Leopardo de Amanhã”, com a curta-metragem “Icebergs”, de produção alemã.
Fora de competição, Edgar Pêra estreou “Cartas Telepáticas”, um filme com imagens geradas por Inteligência Artificial que põe em diálogo os universos literários dos escritores H.P. Lovecraft e Fernando Pessoa.
Também extraconcurso, Locarno acolheu “O vento assobiando nas gruas”, que a realizadora suíça Jeanne Waltz fez a partir de um romance de Lídia Jorge.
“Akiplėša” (Toxic), filme lituano sobre a ligação entre duas adolescentes aspirantes a modelos que procuram fugir da deprimente cidade onde nasceram, ganhou o Grande Prémio do Festival, que terminou no sábado à noite. A primeira obra da realizadora de 30 anos, Saulė Bliuvaitė, ganhou o Leopardo de Ouro face a 16 outras obras, todas estreias internacionais. A mais jovem realizadora a concurso explicou que o seu filme se debruça sobre a complicada transição da infância para a idade adulta.
“O sentimento de ser apanhado entre dois mundos e procurar uma direção é universal”, disse a lituana.
“Mond”, de Kurdwin Ayub (Áustria), ganhou o Prémio Especial do Júri, enquanto o Prémio de Melhor Realização foi para Laurynas Bareiša por “Seses” (Drowning Dry).
Os prémios de Melhor Interpretação foram dados a Gelminė Glemžaitė, Agnė Kaktaitė, Giedrius Kiela e Paulius Markevičius por “Seses” e a Kim Minhee, estrela de Suyoocheon (By the Stream) de Hong Sangsoo (Coreia do Sul).
O Leopardo de Ouro na secção “Cineastas do Presente” foi concedido a “Holy Electricity”, de Tato Kotetishvili.
Em comunicado, a organização destaca que esta 77.ª edição teve “um programa rico e variado de filmes”, e que “a seleção oficial do Locarno77 serviu como uma defesa robusta de todos os tipos possíveis de cinema, abrangendo do popular ao cinema de arte, do experimental ao clássico, do de autor ao coletivo”.
O festival suíço também atribuiu prémios especiais a Shah Rukh Khan, Jane Campion e Alfonso Cuarón.
Fundado em 1946, Locarno é um dos festivais de cinema mais antigos do mundo e é dedicado ao cinema de autor.
Realizado nas margens do Lago Maggiore, na região de língua italiana do Ticino (sul da Suíça), exibe filmes na praça central de Locarno, que possui um dos maiores ecrãs de cinema do mundo e pode acolher até oito mil espectadores.
A 77.ª edição começou a 7 de agosto e exibiu 104 estreias mundiais e 15 primeiras obras.
Mais de 150 mil pessoas assistiram ao festival deste ano, segundo os organizadores.