17 Nov 2024
Transplantes capilares, caracóis ornamentais e percebes algarvios são os temas dos filmes que venceram no sábado as três principais categorias da 48.ª edição do Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho.
O certame atribuiu o Grande Prémio de longa-metragem a “Memória de um Caracol”, onde o australiano Adam Elliot conta como uma colecionadora de moluscos desajustada e solitária recupera de ansiedades e angústias ao conhecer uma idosa excêntrica, e o Grande Prémio de Curta-Metragem a “Homens Bonitos”, do realizador belga Nicolas Keppens, a história de três irmãos carecas que viajam até Istambul para fazerem transplantes capilares. A competição portuguesa foi ganha por “Percebes”, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves que venceram ainda o Prémio do Público. O filme de 11 minutos segue o ciclo de vida do crustáceo marinho e ajuda a compreender a região do Algarve e as suas gentes.
A edição de 2024 do Cinanima – que esta semana teve 113 filmes a concurso – distinguiu ainda “Um buraco no peito”, com o Prémio Especial do Júri e o Prémio de Melhor Argumento “pela originalidade e sensibilidade” com que os realizadores canadianos Alexandra Myotte e Jean-Sébastien Hamel recorreram a um enredo sobre duas crianças de um bairro degradado para abordar o “complexo processo do luto”.
Outros três vencedores da competição internacional de curtas-metragens são “Morri em Irpin”, produção checa que ganhou o Prémio de Melhor Documentário pela representação que a realizadora ucraniana Anastasiia Falileieva faz “da complexa e multifacetada realidade da guerra” no seu país-natal; “Ver o sol nascer na lua”, votada como o Melhor Filme Experimental pelo modo como o realizador francês Charles Nogier dispôs de “originalidade e utilização da luz para criar uma atmosfera misteriosa” em torno de poemas em que o escritor Victor Hugo aborda a morte da filha e a relação do Homem com a Natureza; e “Memória Entrópica”, que mereceu o Prémio de Melhor Sonoplastia pela habilidade com que o canadiano Nicolas Brault recorreu a “som visceral” para criar “um significado totalmente novo para imagens de decadência” retiradas a álbuns de fotografias de família devastados pela água.
Entre a competição nacional, disputada por 32 curtas-metragens, o júri selecionou duas para o Prémio Jovem Cineasta. Na categoria de realizadores menores de 18 anos, a escolha recaiu sobre “Nunca pares de cantar”, dirigido pela Anilupa – Associação de Ludotecas do Porto com os alunos da Escola EB de Fernão de Magalhães, que aplica o entusiasmo musical de um fantasma a “uma mensagem muito motivadora para as crianças”. Na categoria para realizadores entre os 18 e os 30 anos, a seleção favoreceu “Pelas costuras”, onde Adriana Andrade, Luana Rodrigues e Daniela Tietzens apresentam um filme sobre a jornada de três mulheres numa luta interior “entre ser feminina e masculina”.
Finalmente, na competição relativa a estudantes de cinema, o prémio foi para o filme chinês “Detetado carater não reconhecido”, realizado por Song Yee, onde a descoberta de um ‘microchip’ com mais de três milhões de anos atrai a atenção de linguistas numa base militar.