

“Branca de Neve”: Disney tenta afastar polémicas
Envolta em críticas desde o anúncio do elenco, a nova versão em ação real teve uma estreia discreta. A Disney evitou entrevistas na passadeira vermelha e manteve as estrelas afastadas dos jornalistas, tentando conter a controvérsia em torno da representação dos Sete Anões e das posições das protagonistas sobre o conflito israelo-palestiniano.
Alvo de críticas, a nova versão em ação real de “Branca de Neve”, o clássico mais antigo da Disney, foi exibida em Hollywood numa estreia invulgarmente discreta para um filme do famoso estúdio de animação.
Não foram permitidas entrevistas na passadeira vermelha, uma vez que a Disney quis manter as suas estrelas Rachel Zegler e Gal Gadot afastadas dos jornalistas e evitar perguntas sobre a representação dos Sete Anões, objeto de um debate vigoroso.
A projeção em Hollywood ocorre poucos depois de uma estreia europeia igualmente discreta num castelo isolado em Segóvia, Espanha, para a qual poucos meios de comunicação foram convidados.
As críticas começaram a chover sobre o filme em 2021, quando a atriz Rachel Zegler, cuja mãe é colombiana e o pai polaco, foi escolhida para o papel principal deste conto de fadas dos Irmãos Grimm.
Uma escolha denunciada por alguns fãs e comentadores conservadores, que gritaram “wokismo” – um termo pejorativo utilizado para denunciar a militância excessiva destinada a satisfazer as exigências das minorias.
“Sim, eu sou a Branca de Neve, não, não vou branquear a minha pele para o papel“, respondeu Rachel Zegler, conhecida pela sua franqueza, pouco habitual em Hollywood, numa mensagem nas redes sociais, entretanto apagada.
As críticas redobraram quando a atriz pareceu denegrir repetidamente o clássico de 1937 “Branca de Neve e os Sete Anões”, a primeira longa-metragem de animação dos estúdios Disney. Uma versão que considerou “bizarra”, devido ao amor da heroína por “um tipo que a assedia literalmente”.
Desta vez, a Branca de Neve “não será salva pelo príncipe e não estará a sonhar com o amor verdadeiro”, disse também Rachel Zegler numa entrevista que deixou os fãs desiludidos, pois esperavam encontrar estes motivos tradicionais do conto na nova versão.
“História retrógrada”
Outro objeto de críticas: os Sete Anões, que já não aparecem no título do filme – simplesmente chamado “Branca de Neve”.
Em 2022, Peter Dinklage, um dos atores anões mais famosos de Hollywood, denunciou a “hipocrisia” da Disney, “orgulhosa de ter escolhido uma atriz latina para interpretar a Branca de Neve”, ao mesmo tempo que readaptava uma “história retrógrada de sete anões que vivem numa caverna”.
Uma posição que “ofendeu a comunidade de atores com nanismo” porque sugeria a eliminação destes papéis quando já “não havia muitos para (eles) em Hollywood”, afirmou o ator e lutador profissional Dylan Mark Postl, ele próprio afetado, no Guardian.
No entanto, a Disney reagiu por meio de um comunicado de imprensa, prometendo adotar “uma abordagem diferente” e evitar “reforçar os estereótipos do filme de animação original”.
Na nova versão, os anões são criaturas mágicas semelhantes a gnomos, criadas por computador em vez de serem interpretadas por atores humanos, o que também suscitou críticas.
O último remake live-action da Disney revelou-se muito menos consensual do que as novas versões de “O Rei Leão” e “A Bela e o Monstro”, que arrecadaram milhares de milhões de dólares.
A Disney espera agora que o ditado que diz que toda a publicidade é boa publicidade se mantenha na próxima semana, quando o filme, que custou mais de 200 milhões de dólares, segundo a Forbes, for lançado nos cinemas, após ter sido adiado pela pandemia de Covid-19 e pelas greves em Hollywood.
“Interpreto os sentimentos das pessoas relativamente a este filme como uma paixão” disse Rachel Zegler à Vogue México. “É uma honra fazer parte de algo pelo qual as pessoas são tão apaixonadas”, acrescentou.
O filme “Branca de Neve” chega esta semana às salas de cinema portuguesas.
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