8 Mar 2015 2:43
Com a morte de Albert Maysles — falecido a 5 de Março, na sua casa de Nova Iorque, contava 88 anos — desaparece uma das figuras mais lendárias do documentarismo. E não apenas do documentarismo americano, uma vez que a sua visão das realidades mais diversificadas (desde a música popular aos bastidores da cena política) influenciou muitos cineastas das mais diversas origens.
O seu trabalho é indissociável da colaboração com o irmão, David Maysles (1931-1987), com quem construíu um corpo de filmes capaz de "transpor" para o contexto dos EUA os princípios de rodagem ligados ao chamado cinéma vérité, em especial às experiências da Nova Vaga francesa lideradas por Jean Rouch (1917-2004).
"Gimme Shelter" (1970), sobre o célebre (e trágico) concerto dos Rolling Stones em Altamonte, Califórnia, terá ficado como um dos seus trabalhos mais emblemáticos, reflectindo a sua preocupação de envolvimento muito directo com os acontecimentos — as câmaras dos Maysles registavam inclusivamente os momentos terríveis em que, junto ao palco, era assassinado um espectador.
A curta-metragem "Christo’s Valley Curtain" (1976) valeu aos irmãos Maysles uma nomeação para os Oscars. Da sua vasta filmografia, constam títulos como "A Visit with Truman Capote" (1966), "Salesman" (1968) e "Grey Gardens" (1975). "Os Campeões do Boxe" (1996), sobre a rivalidade entre Muhammad Ali e George Foreman foi um dos seus títulos com maior divulgação internacional — teve, inclusive, estreia nas salas portuguesas.
"Iris", sobre Iris Apfle, uma figura lendária da moda novaiorquina, foi o derradeiro filme concluído por Albert Maysles, tendo sido estreado, no passado mês de Outubro, no Festival de Nova Iorque.