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16 Dez 2025

O filme “Aniki-Bobó” (1942), primeira longa-metragem do realizador Manoel de Oliveira, volta esta semana aos cinemas, numa versão restaurada. De acordo com a distribuidora Nitrato Filmes, “Aniki-Bobó” vai estar em sala no Porto (Cinema Trindade), em Coimbra (Casa do Cinema) e em Lisboa (Nimas e Cinema Ideal), estando em aberto a exibição em mais salas.

“Aniki-Bobó”, estreado em 18 de dezembro de 1942, é hoje considerado um clássico do cinema português, tendo sido alvo de um restauro pela Cinemateca Portuguesa. Em agosto foi mostrado no Festival de Cinema de Veneza (Itália), num programa dedicado a “obras-primas restauradas”, seguindo-se os festivais de Toronto (Canadá), San Sebastián (Espanha) e Mostra de São Paulo (Brasil).

Produzido por António Lopes Ribeiro, “Aniki-Bobó” é inspirado no conto “Meninos milionários”, de Rodrigues de Freitas e foi rodado na zona ribeirinha do Porto com crianças: Fernanda Matos (Teresinha), Horácio Silva (Carlitos) e António Santos (Eduardinho).

O universo infantil retratado “é uma reprodução do mundo real dos homens tal como o conhecemos, reduzido, no entanto, à sua mais funda e descarnada estrutura: Bem e Mal, justiça e injustiça, esperança e medo, felicidade e infelicidade, desejo e morte, amor e ódio”, escreveu Manuel António Pina, num livro-ensaio sobre o filme, publicado em 2012. No mesmo livro, o autor recorda que “Aniki-Bobó” foi considerado imoral e subversivo, apupado na estreia em Lisboa, e que, por causa dele, o realizador teve de esperar quase vinte anos para voltar a fazer cinema. O seu nome foi riscado pelo bom gosto oficial do regime salazarista e todos os projetos, e foram muitos, que levou ao Fundo do Cinema lhe foram sucessivamente recusados”, escreve.

Manoel de Oliveira nasceu no Porto em 1908 e viveu mais de um século acompanhando a própria história do cinema. Em 2004, então com 95 anos, recebeu o Leão de Ouro de carreira no Festival de Cinema de Veneza.

“Douro, Faina Fluvial”, uma curta-metragem documental sobre a vida nas margens do rio Douro, foi o primeiro filme que rodou, aos 23 anos, com uma câmara oferecida pelo pai. O último filme, “O Velho do Restelo” (2014), já foi filmado no jardim próximo de casa, no Porto.

Após a morte de Manoel de Oliveira, em 2015, foi tornado público a existência do filme “Visita ou memórias e confissões”, que o cineasta rodou em 1982, deixando expresso para ser mostrado publicamente só depois de morrer.

Este ano, cumprindo-se uma década desde a morte de Manoel de Oliveira, a Nitrato Filmes também fez nova estreia de outro filme do realizador, “Vale Abraão” (1993), igualmente numa versão integral e restaurada pela Cinemateca Portuguesa.

  • LUSA
  • 16 Dez 2025 12:34

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