Em casa
BERGMAN, Ingmar
No ano em que se assinalam os 100 anos do nascimento de Ingmar Bergman, o filme "Saraband" pode ser uma sugestiva via de entrada no seu universo — uma derradeira longa-metragem marcada pelas convulsões estéticas e temáticas de um fascinante percurso criativo.
5 Ago 2018 14:45
É sob o signo de Bach, mais precisamente da Suite para Violoncelo nº 5, que entramos no filme de Ingmar Bergman (1918-2007) que se chama, muito justamente, “Saraband”. Foi em 2003. Nele se narra o reencontro de um casal, interpretado por Liv Ullmann e Erland Josephson, trinta anos depois da sua separação. Em boa verdade, são também personagens que regressam à obra do próprio Bergman, trinta anos depois de “Cenas da Vida Conjugal” — escutemos estas palavras.
É verdade: a maior parte de nós precisa de legendas para compreender aquilo que Erland Josephson está a dizer a Liv Ullmann; ainda assim, podemos reconhecer que o modo de dizer dos actores de Bergman envolve uma verdade visceral, corporal, que nos toca mesmo não sabendo sueco. Neste caso, ele fala do carácter absoluto da solidão humana — segundo as suas palavras, será possível alguma sensação de comunhão através da religião, da política ou da arte, mas a solidão será sempre nossa companheira — escutemos um pouco mais.
O que é que esta música tem a ver com Bergman? Pois bem, esta música é de Bergman. Ou melhor, é de Mozart e pertence à versão filmada por Bergman, em 1975, da ópera “A Flauta Mágica”. Afinal de contas, ele foi alguém que nunca cortou, antes pelo contrário, as relações com a ópera e as artes do palco, quer dizer, com o teatro. Num dos seus títulos mais célebres, “Fanny e Alexandre”, lançado em 1982, era a música de Schumann que nos introduzia na intimidade das personagens principais.
Cineasta dos limites do ser humano, Ingmar Bergman foi também um criador que encontrou na música os gestos de liberdade, as paisagens de encantamento que faltavam, precisamente, nas relações entre as suas personagens. Lembremos o filme “Sonata de Outono”, uma produção de 1978, em que dirigiu outro nome lendário da Suécia, Ingrid Bergman (mesmo apelido, mas nenhuma relação familiar). Nesse drama pungente centrado no reencontro de uma velha senhora com a sua filha, Ingrid Bergman interpretava, curiosamente, uma pianista.
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