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27 Ago 2025

O Festival de Cinema de Veneza abre hoje, com forte presença de Hollywood, ao lado de autores europeus e mestres asiáticos, para além de uma forte dose de tensão política, com a crise humanitária provocada pela guerra de Israel em Gaza a ensombrar o Lido.

O evento de 11 dias dá o pontapé de saída para a temporada de prémios. Os filmes que aqui estrearam nos últimos quatro anos receberam mais de 90 nomeações para os Óscares e ganharam quase 20, o que o torna atrativo para atores, produtores e realizadores.

Entre as estrelas esperadas na passadeira vermelha estão Julia Roberts, Emma Stone, George Clooney, Dwayne Johnson, Emily Blunt, Andrew Garfield, Oscar Isaac e Amanda Seyfried, numa seleção oficial que inclui thrillers psicológicos, dramas, documentários e produções de estúdio.

A celebração do cinema está também a colidir com a geopolítica. Um coletivo de personalidades da indústria cinematográfica designado Venice4Palestine, instou o festival a tomar uma posição firme sobre a guerra em Gaza, pedindo aos organizadores que promovam as vozes palestinianas e denunciem as ações israelitas em Gaza. O apelo foi assinado por mais de 1 500 pessoas, incluindo realizadores como Ken Loach e Matteo Garrone, e os atores Toni Servillo, Charles Dance e Alba Rohrwacher.

O diretor do festival, Alberto Barbera, rejeita que cineastas e atores israelitas sejam impedidos de entrar no Lido, a fina ilha a uma curta viagem de barco da cidade de Veneza que acolhe o festival. “Não boicotamos ninguém e estamos abertos a todos os discursos possíveis sobre a situação atual, que é a forma de compreender melhor como resolver esta enorme massa de problemas que temos de enfrentar todos os dias”, afirmou.

Um dos filmes da competição principal aborda diretamente a guerra em Gaza. “The Voice of Hind Rajab”, realizado por Kaouther Ben Hania, da Tunísia, conta a história verídica de uma menina palestiniana de 5 anos que morreu no território em 2024, após ter ficado presa durante horas num veículo que foi alvo das forças israelitas.

A política internacional e as intrigas globais são temas fortes da 82.ª edição do mais antigo festival de cinema do mundo. A realizadora Kathryn Bigelow vai estrear o seu thriller nuclear “A House of Dynamite”, enquanto Olivier Assayas apresenta “O Feiticeiro do Kremlin”, que analisa a ascensão de Vladimir Putin, com Jude Law a interpretar o líder russo.

“É o regresso de um cinema da realidade, a sensibilidade dos cineastas, que investiram muito na reflexão sobre os grandes problemas do nosso mundo contemporâneo”, disse Barbera.

O gigante do streaming Netflix, que não esteve presente em Veneza no ano passado, regressa em força, não só com o filme de Bigelow, mas também com a versão de Guillermo del Toro de “Frankenstein” e com a comédia dramática de Noah Baumbach “Jay Kelly”, que competem pelo prémio principal, o Leão de Ouro.

Outros destaques são “La Grazia”, do realizador italiano Paolo Sorrentino, que abre o festival, a sátira “Bugonia”, de Yorgos Lanthimos, o tríptico familiar “Father Mother Sister Brother”, de Jim Jarmusch, e o filme biográfico do lutador “The Smashing Machine”, de Benny Safdie.

Muito diferente é o filme biográfico “The Testament of Ann Lee” – um musical sobre a vida da líder radical Shaker do século XVIII, realizado pela norueguesa Mona Fastvold.

Um trio de obras asiáticas também está na competição principal – “Girl”, de Shu Qi, de Taiwan, “No Other Choice”, de Park Chan-wook, da Coreia do Sul, e “The Sun Rises on Us All”, do chinês Cai Shangjun.

Fora da competição, mas ainda muito na ribalta, Luca Guadagnino apresenta “After The Hunt” com Julia Roberts, que fará a sua estreia na passadeira vermelha de Veneza.

O júri principal é presidido pelo realizador norte-americano Alexander Payne, a que se juntam os cineastas Stéphane Brizé, Maura Delpero, Cristian Mungiu e Mohammad Rasoulof, bem como as atrizes Fernanda Torres e Zhao Tao.

  • CINEMAX - RTP c/ Reuters
  • 27 Ago 2025 17:19

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