12 Fev 2016 22:57

O menos que se pode dizer do novo filme de Charlie Kaufman, "Anomalisa", é que se trata de uma fantástica surpresa: um filme de animação contando uma história, não de monstros e animais falantes, mas de adultos e para adultos. Mas não é uma experiência pioneira — vale a pena recuarmos aos tempos heróicos das experiências da contra-cultura para redescobrirmos um gato chamado Fritz, ou seja, "Fritz the Cat".

Com realização de Ralph Bakshi, "Fritz the Cat" conta com personagens e desenhos criados pelo grande Robert Crumb, lendário autor de bandas desenhadas de espírito “underground”, desafiando as convenções narrativas e também todas as formas de conservadorismo moral. Fritz é, assim, um estudante não demasiado exemplar que leva uma existência intensamente boémia.




"Fritz the Cat" consegue a proeza de contar a história atribulada do seu protagonista num tom de farsa que, habilmente, consegue citar alguns temas fracturantes da época, desde os novos conceitos de liberdade sexual até ao consumo de drogas — é um filme de delirante artifício que conserva uma invulgar dimensão de realismo crítico.

Para a história, "Fritz the Cat" ficou como o primeiro filme de animação a ser classificado no mercado americano para adultos. Foi em 1972, o mesmo ano em que Hollywood produziu coisas tão diversas, e também tão fascinantes, como "O Padrinho", "Fim de Semana Alucinante" ou "Cabaret" — eram tempos de mudança, no cinema em geral, nos desenhos animados em particular.

  • cinemaxeditor
  • 12 Fev 2016 22:57

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