29 Nov 2015 0:31
Na galeria de referências clássicas do cinema de terror, John Carpenter ocupa um lugar muito especial. Tão especial que se pode dizer que a sua visão e o seu estilo criaram um território à parte, uma espécie de sub-género no interior do próprio género de terror. Talvez o maior símbolo de tudo isso seja a produção de 1978, "Halloween".
Em cena está uma maldição que regressa — aliás, o subtítulo português foi, precisamente, "O Regresso do Mal". No seu centro surge a personagem de Michael Myers, um jovem internado num hospital psiquiátrico depois de, apenas com 6 anos, ter morto a própria irmã — 15 anos depois, o seu regresso vai abalar toda uma comunidade.
O que distingue John Carpenter não é, exactamente, a história que narra — afinal de contas, os contos mais ou menos assombrados de personagens que regressam são uma convenção regular deste género de filmes. O que o distingue é, realmente, o estilo, quer dizer, a capacidade de definir situações de medo e inquietação através dos meios específicos do cinema.
Já no seu filme anterior, "Assalto à 13ª Esquadra", lançado em 1976, o realizador tinha mostrado a sua mestria na composição do espaço e, em particular, na discreta elegância do trabalho da câmara. Tudo isso se torna visceral, e muito mais sofisticado, em "Halloween". Sem esquecer que as ambiências musicais têm assinatura do próprio John Carpenter.