5 Set 2022 16:18
O cineasta Jafar Panahi, condenado a seis anos de prisão no Irão, acusou as autoridades do seu país de tratar os cineastas independentes "como criminosos" numa carta ao Festival de Veneza, onde concorre ao Leão de Ouro.
"Criamos obras que não são encomendas e, por isso, aqueles que estão no poder vêem-nos como criminosos", disse o cineasta na carta co-escrita com o colega realizador Mohammad Rasoulof, a que a AFP teve acesso no domingo.
Artista dissidente, Panahi, um dos cineastas mais premiados do Irão, foi preso e condenado em 2010 a seis anos de prisão e a uma proibição de 20 anos de fazer ou escrever filmes, viajar, ou mesmo falar nos meios de comunicação social. No entanto, continuou a trabalhar e a viver no país. Tinha sido condenado por "propaganda contra o regime", após apoiar o movimento de protesto de 2009 contra a reeleição do ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad como presidente da República Islâmica.
A 11 de Julho, Panahi foi preso à chegada ao Ministério Público de Teerão para acompanhar o caso de Mohammad Rasoulof, que se encontra detido desde 8 de Julho juntamente com Mostafa Aleahmad.
"A história do cinema iraniano é testemunho da presença constante e activa de cineastas independentes que lutaram contra a censura e para assegurar a sobrevivência desta arte. Alguns estão proibidos de fazer filmes, outros foram forçados ao exílio, ou ao isolamento", continuam os dois cineastas na sua carta.
"Somos cineastas, cineastas independentes", concluem.
Jafar Panahi, em competição este ano em Veneza com "The Bears Do Not Exist", ganhou um Leão de Ouro em 2000 por "O Círculo", e o Prémio de Argumento em Cannes em 2018 com "Três Rostos", três anos após o Urso de Ouro em Berlim por "Táxi".