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21 Mai 2025

Stella Assange, esposa do fundador da Wikileaks, afirmou aos jornalistas que Julian Assange, “recuperou” dos muitos anos de detenção. O ativista australiano esteve em Cannes, na quarta-feira, para a projeção de um documentário sobre ele, feito com imagens inéditas.

Assange, que viu os seus problemas legais terminarem em junho de 2024, após cinco anos de prisão na Grã-Bretanha, não quis falar diretamente, reservando os seus comentários para “quando se sentir preparado”, disse Stella à AFP.

No entanto, Assange apareceu numa sessão fotográfica com uma t-shirt branca onde constavam os nomes das crianças palestinianas mortas em Gaza.

O realizador Eugene Jarecki, pretende apresentar uma nova imagem do antigo hacker de 53 anos e das suas “qualidades heroicas”, contrariando ideias preconcebidas sobre Assange, cujos métodos e personalidade o tornaram uma figura controversa.

Assange foi libertado de uma prisão britânica de alta segurança em junho passado, após um acordo com o governo dos EUA, que pretendia processá-lo por publicar informações diplomáticas e militares ultrassecretas.

O ativista passou cinco anos atrás das grades em Inglaterra, fazendo tudo o que estava ao seu alcance para impedir a extradição para os Estados Unidos, após ter passado sete anos fechado na embaixada do Equador em Londres, onde tinha pedido asilo político.

Atualmente, “vivemos no meio de uma natureza exuberante (na Austrália). Julian adora passar o tempo ao ar livre (…) recuperou realmente física e mentalmente”, disse Stella Assange, a advogada hispano-sueca que defendeu o marido em tribunal.

“Penso que Julian Assange se colocou em perigo pelo princípio de informar o público sobre o que as empresas e os governos de todo o mundo estão a fazer em segredo”, disse Jarecki à AFP.

Qualquer pessoa disposta a sacrificar anos da sua vida por princípios deve ser considerada como alguém com “qualidades heroicas”, continuou o realizador de 55 anos.

O filme inclui imagens íntimas fornecidas por Stella Assange, que se juntou à Wikileaks como consultora jurídica. A advogada teve dois filhos com o marido enquanto ele esteve na embaixada do Equador em Londres.

A atriz Pamela Anderson, amiga de Assange, e o ativista Edward Snowden também aparecem no documentário.

Jarecki não se detém nas zonas cinzentas do seu protagonista, nomeadamente quando este terá colocado vidas em risco ao publicar telegramas diplomáticos norte-americanos, com os nomes de informadores, incluindo ativistas dos direitos humanos.

O realizador rejeita igualmente qualquer ligação entre a Wikileaks e os serviços secretos russos no que diz respeito à fuga de e-mails do Partido Democrata pouco antes das eleições presidenciais americanas de 2016, que resultaram na derrota de Hillary Clinton por Donald Trump.

O procurador especial Robert Mueller, que investigou a interferência russa nessas eleições, descobriu provas de que os serviços secretos militares russos piratearam o Partido Democrata e depois transferiram a informação para a Wikileaks.

“Para além das declarações de pessoas do Partido Democrata, não encontrámos qualquer vestígio de uma ligação entre a Wikileaks e a Rússia”, garantiu Jarecki.

O antigo presidente de esquerda do Equador, Rafael Correa, que ofereceu asilo a Assange na sua embaixada em Londres, também esteve presente na estreia do documentário em Cannes.

  • CINEMAX - RTP c/ agências
  • 21 Mai 2025 17:23

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