“La noche está marchándose ya” vence Grande Prémio do DocLisboa
Na competição portuguesa, o prémio principal foi entregue a "Água Mãe", de Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres.
O Grande Prémio da 23.ª edição do festival de cinema DocLisboa foi atribuído na competição internacional a “La noche está marchándose ya”, de Ezequiel Salinas e Ramiro Sonzini, da Argentina, anunciou a organização.
A cerimónia de entrega de prémios que decorreu na Culturgest foi seguida pela exibição de “A Árvore do Conhecimento”, de Eugène Green, filme de encerramento do festival que termina no domingo.
“La noche está marchándose ya”, justifica o júri que atribuiu o galardão, “celebra o cinema como a derradeira aventura coletiva, onde a imaginação e a solidariedade iluminam o caminho na escuridão”.
O filme narra a história de um projecionista solitário que, após perder a casa e ser despromovido, passa a viver secretamente no cinema onde trabalhava, transformando-o num refúgio para si próprio e para amigos sem-abrigo, redescobrindo assim um propósito, segundo a sinopse.
Descoberto o segredo, o projecionista desafia as autoridades para tentar recuperar o espaço, numa narrativa que presta homenagem à sétima arte como lugar crucial de convívio e resistência, sobretudo em tempos difíceis na Argentina contemporânea.
O Prémio do Júri da competição internacional foi para “Tell Me a Fairy Tale”, de Ebrû Avci (Turquia), “um filme elegante, honesto e desarmante na sua simplicidade, que revela o quanto se pode dizer com tão pouco, encontrando profundidade em gestos silenciosos e verdade na contenção”.
Já o Prémio para Melhor Realização da competição internacional foi entregue a “Fantasy”, de Isabel Pagliai (França), “um retrato íntimo, ternurento e visceral do luto, do amor e da saudade, uma poesia em bruto que permanece viva na sua fragilidade”, segundo o júri.
Na competição portuguesa, o Prémio para Melhor Filme foi atribuído a “Água Mãe”, de Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres (Portugal), “uma obra elegante e corajosa que eleva o quotidiano ao sublime, convidando-nos a experienciar um mundo para lá do cinema”.
O Prémio do júri da competição portuguesa distinguiu “As Estações”, de Maureen Fazendeiro, “um filme tátil e envolvente, que combina um passado descoberto com um presente quase fora do tempo”, considerou o júri.
Relativamente ao Prémio Escola foi atribuído a “Explode São Paulo, Gil”, de Maria Clara Escobar, “um trabalho colaborativo de sensibilidade punk e generosidade, onde o sonho e a realidade coexistem num gesto de pura vitalidade cinematográfica”.
Na Competição Verdes Anos, o Prémio para Melhor Filme foi para “Ping Pong”, de Tianji Yu.
Quanto ao Prémio para Melhor Realização Portuguesa foi entregue a “Se Eu Não Morresse Nunca!” de David Falcão, e “I Lit the Fire!” (“Eu acendi o fogo”, em tradução livre), de Valeria Lemeshevskaya (Quirguistão, Bielorrúsia, Azerbaijão) foi distinguido com uma menção honrosa.
Na competição transversal, o Prémio Revelação para Melhor Primeira Longa-Metragem foi atribuído a “Under the Flags, the Sun” (“Debaixo das bandeiras, o sol”, em tradução livre), de Juanjo Pereira (Paraguai), enquanto “Do You Love Me” (“Amas-me”, em tradução livre) (França,Catar, Líbano, Alemanha), de Lana Daher, teve uma menção honrosa.
O Prémio para Melhor Curta-Metragem distinguiu “Baumettes Studio”, de Hassen Ferhani (França).
Nos prémios do público, venceram “Aurora”, de João Vieira Torres e “Soco a Soco”, de Diogo Varela Silva.
A 23.ª edição do Doclisboa decorreu ao longo de onze dias, reunindo cerca de 20 mil espetadores, entre sessões esgotadas, conversas com realizadores e encontros com o público, segundo a organização.
Foi ainda realizada uma homenagem à cineasta, montadora e atriz Patrícia Saramago, falecida na quinta-feira.
As sessões de exibição dos filmes premiados desta edição do Doclisboa decorrerão entre segunda e quarta-feira no Cinema Ideal, em Lisboa.
O Doclisboa regressa em 2026, de 15 a 25 de outubro, com a Grécia como país convidado, anunciaram.